Em texto intitulado “’Cura gay’, modesta contribuição”, o escritor e religioso dominicano brasileiro Frei Betto, com mais de 53 livros publicados no Brasil e no exterior, afirmou em sua coluna semnal da Folha que vê com esperanças as declarações do papa Francisco sobre o tema gay. O pontífice falou esta semana: “Se uma pessoa é gay, procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu, por caridade, para julgá-la? O catecismo da Igreja Católica explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser discriminados, mas integrados à sociedade. O problema não é ter essa tendência. Não! Devemos ser como irmãos. O problema é fazer lobby.”
E ao falar de lobby, ele inteligentemente aproveitou a fala do líder católico e escreveu: “ao contrário do que o papa diz, o problema no Brasil é o lobby antigay, liderado pelo deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara”. O padre já se posiciona em seguida contra a cura gay e afirma: “ O que é um gay? Como diz a palavra inglesa, é uma pessoa alegre. Se os homossexuais são felizes, por que submetê-los à terapia?”.
Ele cita a própria Bíblia para exemplificar o amor gay antigo. “Sugiro aos deputados cortar o mal pela raiz: proibir a promíscua narrativa de “Branca de Neve e os Sete Anões”, a relação pedófila entre o lobo mau e a Chapeuzinho Vermelho e, na Bíblia, o relato da íntima ligação entre Jônatas e Davi, aquele que “ele amava como a sua própria alma”. (1 Livro de Samuel, 18)”. Ele cita ainda os números oficiais do IBGE com 60 mil casais gays, além dos 4 milhões da Parada Gay de São Paulo e satiriza que se precisaria de muito espaço para curar tanto gay. “O processo terapêutico certamente teria início com uma sessão de exorcismo, já que, no fundo, a obsessão fundamentalista considera a homossexualidade muito mais coisa do demônio do que doença”, diz o frei que ainda brinca que se tem gente que diz que pode ser gay mas não pode sair do armário, que cada um seja trancado em um, obviamente comprado por quem concorda com tal bestialidade.
Confira o texto ’Cura gay’, modesta contribuição de Frei Betto aqui.