A psicóloga paranaense e autodenominada “psicóloga cristã” Marisa Lobo não é nova conhecida do movimento gay. Foi ela quem há dois anos protagonizou em Brasília a defesa do direito de promover a cura gay que resultou no projeto de lei rechaçado este ano pela Câmara dos Deputados, depois de forte polêmica internacional. Se antes ela apenas dizia que era vítima de preconceito religioso, agora ela promove por meio do DVD “Ditadura Gay – desconstruindo a família tradicional”, algo além de sua área de atuação, tanto religiosa quanto como profissional da saúde..
Mas o motivo que levou a ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) de pedir no final do mês passado ao Procurador Federal dos Direitos do Cidadão, na Procuradoria-Geral da República no Ministério Público Federal por providências foi uma grande quantidade de reclamações que chegou à entidade sobre descumprimento da Resolução nº 001/1999 do Conselho Federal de Psicologia.
A entidade cita o mesmo artigo que o projeto de lei da “Cura Gay” queria suprir, o artigo 4º, que estabelece: “Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica”. “Têm sido encaminhados a nós os seguintes links na internet nos quais a referida psicóloga faria apologia à “psicologia cristã”, com diversas referências à “evangelização da comunidade gay” e a inferência de que seja possível que os homossexuais “mudem”, ou seja, deixem de ser homossexuais”, afirma o documento.
A psicóloga recentemente se filiou ao PSC (Partido Social Cristão) e aspira sair candidata a deputada no próximo ano. Em lista publicada pela Lado A este ano, Marisa Lobo foi eleita a principal inimiga pública dos gays no Brasil, por suas constantes declarações a favor do tratamento de homossexuais. Ela nega porém que seja homofóbica. O Conselho Regional de Psicologia instaurou em 2012 um procedimento interno no Conselho de Ética para apurar a atuação da profissional. Depois de algumas recomendações no ano passado, o processo não foi mais comentado.