Por Rodrigo Urbanski
Eu sempre gostei muito de livros, desde bem criança eu passava horas e mais horas sentado (ou deitado) em meu quarto devorando livros. Logo, aprendi desde cedo que meus melhores amigos eram, de fato, os livros, e acreditem, eu lia de tudo mesmo apenas pelo prazer de ler.
Aquela frase, que geralmente vemos postadas como imagem em nossos Facebooks, dizendo “Livros são melhores do que pessoas” não poderia ser uma mentira maior. Livros e pessoas são quase a mesma coisa. E aquela outra famosa frase “Não julgue um livro pela capa” se aplica não somente ao objeto em questão, mas também as pessoas em si.
Esta coluna, pode ser considerada como um ou mais capítulos do livro que eu sou. E, fazendo esta associação, posso chegar à conclusão de que eu sou um bom livro, mas infelizmente, minha capa não é lá muito atrativa ou bonita. Isso é um saco, às vezes!
Eu sempre fui diferente das outras pessoas, minhas preocupações, meus desejos e meus sonhos sempre foram bem diferentes do de todos. Veja bem, eu jamais fui levado para jantar fora, nunca ganhei presente surpresa, nunca recebi declarações de amor, nunca visitei os parques da minha cidade, não conheço os restaurantes daqui, viajei só três vezes minha vida toda, nunca ouvi um “eu te amo” primeiro, nunca fui conquistado por alguém que decidiu lutar pelo meu amor… Estes são, apenas alguns dos fatos que eu gostaria que marcassem a minha vida, quero dizer, muitos de vocês podem dizer que já tiveram/fizeram muitas dessas coisas citadas acima não? Se você já teve, continue lendo pois quem sabe vá aprender algo a mais. Se você também nunca teve, continue lendo com mais afinco ainda, pois ao fim vai perceber a real importância disso tudo.
Veja por este lado, quantos de nós, logo após um relacionamento traumático, não nos fechamos para aquilo que nos machucou? Por exemplo, se meu ex (que foi uma das piores experiências da vida) era loiro, eu consecutivamente, fujo de todos os loiros que vejo. Isso é realmente saudável?
A resposta mais concomitante é: Não. O que todos nós precisamos aprender é que, nossas vidas são como livros, e exatamente como nos livros, tudo pelo o qual passamos serviu como degrau para chegarmos onde estamos.
O certo não é se resguardar frente a dores do passado, mas sim aprender com elas. Segundo a Kabbalah, cada pessoa que passou pela sua vida teve seu propósito. Se você foi traído ou enganado, tire uma lição disso. Se você sofreu uma grande decepção, busque entender o que você aprendeu com isso. Na nossa vida, há pessoas que vão aparecer por apenas alguns dias, outras por meses e outras que vão perdurar pela vida toda, o importante é sempre aprender as lições que estes momentos nos trouxeram.
Veja a alegoria comigo, o fato de eu não ter tido todas as coisas que eu citei acima não faz de mim um coitado que nunca teve isso, mas sim uma pessoa que vai dar o real valor a estes acontecimentos. Para mim, o fato de alguém me levar para jantar vai ser uma experiência proveitosa (e quem sabe o destino não fará disso uma porta de entrada para outras experiências melhores ainda?).
O que o seu ex fez contigo foi, acima de tudo, uma lição que a vida tentou te dar. É preciso procurar nas notas de rodapé do seu livro, analisar o capitulo anterior e partir para o próximo. Não tente seguir com a lição errada, um mau relacionamento não aconteceu contigo por acaso, pode ter sido um erro seu, um erro dele ou um erro de ambos e, no fim, o que você aprendeu com isso? Leve adiante este aprendizado.
Todos os percalços da sua vida, do seu livro, o moldam a cada dia a fim de você poder obter as experiências que a vida preparar para você! Se você jamais teve determinada coisa, deve ser porque você ainda não está preparado para tê-la. Tenha paciência, aprenda suas lições, evolua e no momento certo tudo vai acontecer.
Não fique se importando com a sua “capa”, ocupe-se em encher o seu livro de bom conteúdo. Se um babaca não quiser lê-lo é porque ele não vale a pena. Jamais tente se tornar aquilo que você não é apenas para agradar, afinal, quando compramos um livro apenas pela capa, a história pode não ser lá muito legal; E acabamos jogando ele de lado após apenas algumas páginas, não é mesmo?
Todos nós somos bons livros, e às vezes com capas ruins, o importante é entender que devemos ser lidos pelas pessoas certas e no momento certo.
Sua capa condiz com quem você é?
Eu acredito que a minha sim, e ela diz: “Ei, você sabe o que tem no interior? Você tem quer abrir e descobrir? Não tenha preguiça, é um livro complicado mas compensador, você tem coragem de ler?”.
No fim das contas, quem tiver colhões para abrir seu livro e o ler até o fim, é a pessoa exata para quem esse livro foi escrito, e não aquelas babacas que abrem-no e acabam lendo duas ou três páginas para depois desistir. A pessoa que te ler até o final e gostar de exatamente tudo, vai ter você como o “livro predileto” e “aquele livro de cabeceira”, o livro favorito de alguém.
Rodrigo Urbanski – Designer, redator do blog Seduzi Na Padaria. Apaixonado por Madonna, arte, livros (principalmente os de Stephen King), aspirante a escritor e com um “quê” de comediante.