“Eu imaginava que pudesse ter alguma repercussão negativa porque o pessoal do skate cobra uma determinada conduta. Especialmente da mídia. Mas o que me surpreendeu mais foi o grau da repercussão. O skatista se acha muito diferente, muito à parte da sociedade, mas reproduz doutrinamentos exatamente iguais a todo mundo. Ele é extremamente homofóbico e machista”, afirmou o editor da revista e fotógrafo, Fernando Martins Ferreira, em entrevista para a Vice, outra revista alternativa e gratuita, mais voltada à música.
Sobre a idéia para a capa, o editor falou ainda na entrevista que foi uma forma de contestar as hierarquias que vão se formando dentro da comunidade, do”skatista de verdade”, sendo que a cultura skater é exatamente de questionamento social e liberdade. “O que me interessou pelo skate no final dos anos 1980 foi justamente a abertura ao diferente que esse universo tinha e a rejeição a cartilhas e regras. Era onde muitos que não se achavam parte de nada se encontravam. Não por acaso, skatistas sofreram preconceito por anos. E o que vemos hoje é a reprodução, por parte de alguns skatistas, do mesmo padrão de comportamento que sofremos. Algo tristemente normal, mas que acredito que precisa ser lembrado. Não adianta se sentir orgulhoso por ter transposto algumas barreiras se logo depois você passa a construir outras”, afirmou Ferreira que disse ainda que aceitou ser editor da publicação para poder falar sobre esses tabus e questionar. “A capa da Vista é somente uma sugestão. O que as pessoas veem está na cabeça delas. Despertar para isso já é uma conquista”, celebra ele.
Confira a polêmica e entrevista na íntegra aqui.