Marisa faz terrorismo, transforma conceitos acadêmicos ultrapassados em arma, e afirma que querem acabar com Deus e usa exemplos ridículos para expressar suas contrariedades. “Brincar com dois bonecos pelados em uma banheira”, diz ela que afirma que viu o exemplo em um seminário e, que segundo ela, é prova de que gays querem mudar a educação das crianças. “É um demônio inteligentíssimo”, diz ela, sobre a infiltração da militância gay na educação. Ela usa palavras como guerra, incita que existe uma ameaça, um perigo, que os evangélicos precisam reagir. Diz que mais evangélicos devem entrar nas faculdades de psicologia, pois ali já reinam conceitos não cristãos. Se diz perseguida, injustiçada.
Ela critica que o movimento gay se faz de minoria, usando o poder da mídia e taxando a todos que discordam deles de homofóbicos, que possuem a maioria dos políticos a seu favor. Ela defende que gays são seres humanos e precisam de garantia de direitos mas em seguida afirma que quem deixa a homossexualidade é especial para Deus, mas que os evangélicos precisam ter o direito a dizer para elas “a verdade”. “Eu sou uma pessoa que mais entende, eu acho, um homossexual, eu choro junto, só que eu sou uma cristã que acredita no que a Bíblia fala”, diz ela que chama a situação de paradoxal.
Marisa afirma ser a favor dos direitos civis gays, em questão de herança, mas é contra o casamento gay, do uso da palavra casamento, e afirma que se tem algum pastor ou político falando em casamento gay é para aparecer, pois já passou e é uma realidade. Ela ainda conta seus traumas de infância, como a mãe ter sido prostituta e ainda que apanhava de seu primeiro marido, um médico, que já tentou se matar diversas vezes, superou a depressão, como testemunho de sua fé. Ela se diz instrumento divino, que fala com Deus, e aponta suas ações como sua missão. Divertida, ela faz muitas piadas mas confunde mais do que explica, já que muda de assunto e volta tantas vezes, as vezes com opiniões contraditórias.
Ela ataca ainda a teoria Queer, a crítica à heteronormatividade, defende valores familiares e a estratégia de evangélicos na política, para defender e pregar os valores cristãos. Hora ela parece uma pessoa sensata, por outra confusa. Em uma de suas piadas ela diz que Deus usou a “Barriga Solidária” de Maria para gerar Jesus: “Durmam com isso”, diz ela.
Marisa é relativamente bem instruída, tem dons de oratória, atrai e prende atenção, mas está claramente pregando usando seu diploma de psicóloga, e suas convicções religiosas claramente entram em conflito com as linhas existentes da Psicologia. Fala de Deus, diabo, céu e inferno, maioria das vezes como piada ou rindo. Prepotente, fala em nome de Deus e julga como se fosse a própria Themis, completamente cega, mas sem senso de Justiça algum. Ela diz que conhece casais gays “abençoados”, mas que tem alguns pornográficos que agridem e provocam propositalmente, e ela se prende nos maus exemplos.
Ela diz que a Teoria Queer defende a pedofilia. Ela mostra um coração com uma mulher e uma criança e diz que simboliza a pedofilia e afirma: “Se você aceita todas as formas de relacionamento sexual, daqui a pouco você vai estar aceitando a pedofilia”, diz ela. Afirma que o Canadá aceita a pedofilia legalmente e ainda que o novo código penal brasileiro, em votação, pode reconhecer a pedofilia, ao abaixar a maioridade sexual de 14 para 12 anos de idade. Ela usa a pedofilia para afirmar que é um perigo próximo, e insinua que normalizar a homossexualidade é uma forma de abrir caminho à pedofilia.
“A pessoa homossexual não tem culpa de ser homossexual, apreendido isso? Ponto. Não é escolha”, diz Marisa que em seguida afirma porém que ela pode escolher Jesus e mudar de vida mas que a pessoa não nasceu assim, que algo aconteceu no meio do caminho. Ela conta que já teve cliente que afirmou que não queria ser homossexual e que se mataria se não pudesse mudar. “Tem pessoas que não são felizes, não querem ser isso de jeito nenhum”, relata a psicóloga. Ela reafirma a homossexualidade não é genética, que se é algo construído, aprendido inconscientemente e que por isso é preciso ao movimento combater o modelo heterossexual, fazer uma desconstrução social. Ela evoca Freud e diversas teorias para reafirmar que quanto mais como normal for exposto o modelo gay, logo todos estarão praticando.
Ela cita uma exposição de arte com Barbie travestis e diz que isso é o objetivo dos militantes, de colocar essas bonecas no mercado e que você não pode dizer ser contra, pois seria homofobia ser contra. “Uma verdadeira lei da mordaça”, diz ela. “O que estou fazendo aqui é lutar pelos direito da família tradicional da qual eu pertenço, respeitando o direito daqueles que não pensam como eu”, defende-se. Ela diz que o objetivo é trazer as pessoas a Deus e que não se pode ser direto ao ser contra a homossexualidade, pois afugentaria essas pessoas, trazendo “prejuízo” a Deus.
De último exemplo, ela diz que uma paciente deixou de ser homossexual, mas que ela não a curou, pois não é doença, ela diz que se focou em outros pontos da vida da garota e que um dia, meses depois, a jovem disse estar apaixonada por um rapaz. “Na hora quase falei Glória, Glória Aleluia, mas fiquei de perninha cruzadinha, perguntei como ela se sentia sobre isso, bem bonita, não fui antiética”, relata. “Como aconteceu isso? Eu não sei. Gente, vai perguntar para a pessoa. Eu só fui uma boa profissional”, narra Marisa. “Como ela deixou a homossexualidade?”, pergunta a psicóloga que em seguida se autorresponde, sem modéstia: “Não sei, foi o Espirito Santo que estava nela, eu só mostrei a verdade. Eu usei de estratégias e às vezes ela nem percebeu, essa é que é a verdade”, finaliza Marisa Lobo.
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