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Por Alex Spake
Na semana passada muita gente ficou chocada com a história de um empresário que esbanja dinheiro, luxúria e boa vida na noite paulistana, dando dez conselhos “preciosos” para quem quer realmente se dar bem na noite. O indivíduo alega gastar até 50 mil com bebida “que pisca” e com outras trivialidades tão visadas por tantos que frequentam casas noturnas e festas similares.
Isso me lembra daquele jogador do qual não lembro o time que afirmou, num acalorado bate papo na internet, que “Com o que o indivíduo devia ganhava num mês ele gastava com ração do cachorro em uma semana”. Ora senhores: se a pessoa gasta um salário mínimo (R$ 678,00) com RAÇÃO DE CACHORRO, obviamente, ela deve padecer de um transtorno mental seríssimo a ponto de ter a sua livre liberdade resguardada por alguma entidade que trate doentes mentais. Resumo: é MUITA burrice. Assim como gastar cinquenta mil em uma noite mostrando para todo mundo algo que não é, para impressionar pessoas que não conhece, ouvindo músicas que não gosta e vivendo de uma maneira, sem dúvida, questionável num país onde uma em cada cinco pessoas vive com uma renda inferior a dez reais ao dia.
Entretanto, gostaria que jogasse a primeira dose de Red Label aquele que nunca quis brilhar na noite. Quero dizer, o que este empresário faz é, em grande escala, o que TODA a população faz quando esta em época de vacas gordas: Sai, gasta mais do que deve, faz uma comemoração, reúne a turma e paga a rodada de cerveja… Em resumo: OSTENTAR.
Não precisamos ir muito longe: Manda o taxi parar NA FRENTE do lugar para mostrar que chegou de motorista (ônibus também tem, mas ai é outra história). O colega demora a achar o dinheiro na carteira para pagar e você Páh! Mostra o seu cartão de crédito e diz para passar na data do vencimento, como “cortesia” pela amizade… Fala alto quando esta discutindo com alguém, dando de dedo na cara e fazendo caras e bocas para mostrar quem manda ou posta em todas as redes sociais possíveis que esta “VIPado” para a balada de open bar…
Olhem-se no espelho e digam para vocês mesmos que você nunca desejou estar no camarote de algum lugar e que todo mundo soubesse quem era você e que você estava bancando. Diga para vocês que, no fundo, o que esse cara faz você também não faria (talvez mais, talvez menos vezes) se tivesse ótimas condições financeiras. Não estou defendendo ele, nem dizendo que o que ele faz está correto, mas acredito que em todos nós existe um pouco de uma soberba que infla conforme nossa disponibilidade de ostentar e de se mostrar maior. É errado? Talvez sim, mas a partir de um momento torna-se doentio a ponto de ao invés de atrair olhares admirados, atrair nojo e asco por ser alguém que com tanta facilidade em dispor de recursos tão sofríveis a maioria, e resolve gastar da maneira mais egoísta possível.
Ser uma pessoa assim vai além do esbanjar dinheiro, está também naquelas atitudes blasés de pessoas ricas que supostamente as tem, como por exemplo, não ser um mínimo simpático com quem lhe dá atenção, odiar pessoas que não se conhece com base no que foi dito ou mostrado por terceiros, negar um simples sorriso e um bom dia no elevador, enfim, a ostentação não fica somente na questão do dinheiro, ela se estende a cada mínimo gesto feito em detrimento ao próximo. Você pode não ter um Real no bolso, mas ainda assim ser odiado por ter um rei – do camarote – na barriga.
Alex Spake é contador e consultor financeiro.
SOBRE O AUTORRedação Lado AA Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa |
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