A ministra catarinense Ideli Salvatti, ministra de Relações Institucionais, teria ligado para toda a bancada de apoio ao governo que faz parte da Comissão de Direitos Humanos do Senado e pedido para que a PLC 122 só fosse votada após as eleições de 2014. Ou seja, pediu para que a lei ficasse na geladeira, após negociata do Planalto com os senadores evangélicos. Membros do Partido dos Trabalhadores, relator do projeto e a presidente da comissão demonstraram insatisfação com a instrução que veio de cima.
Em 2011, a presidente Dilma pessoalmente cancelou o programa Escola sem Homofobia do Ministério da Educação, que inseriria o tema do bullying homofóbico nas escolas e direito dos alunos gays de se comportarem da mesma forma que os outros alunos. A negociação foi para salvar o ex ministro Antonio Palocci de uma CPI na Câmara. Em troca do cancelamento do programa, os evangélicos não chamaram Palocci para depor sobre seu patrimônio e não fizeram uma CPI na Educação.
Os evangélicos afirmam que a presidenta já havia negociado o apoio evangélico em sua eleição, onde se comprometeu a não enviar ao Congresso ou apoiar diretamente projetos que favorecessem temas polêmicos como o casamento gay, aborto, eutanásia e liberação da maconha. Por isso nada caminhou de forma concreta para a comunidade gay nos quase 12 anos de governo do PT. A própria ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, do Paraná, também fechou apoio com os evangélicos para sua eleição ao senado.
Com poucos candidatos eleitos, a comunidade gay acaba vítima destas negociações. Apesar de muitos parlamentares e políticos apoiarem os direitos das minorias, na hora do voto, a minoria não passa de um pequeno número de eleitores. Não conseguem eleger candidatos próprios e ficam invisíveis politicamente. Quando o volume de votos é colocado sobre a mesa, o rebanho evangélico tem maior poder de barganha.
Com isso, os evangélicos ganham no país influência política, cargos, concessões e pautam suas opiniões e fazem chantagem e barulho quando precisam. Sem falar no dízimo de toda a estrutura montada com cargos comissionados, trabalho de colaboradores das próprias igrejas nestes cargos e apoio a projetos religiosos com verbas públicas, burlando a legislação. Um dos maiores exemplos desse poder foi a recente concessão das rádios AM que passaram a virar FM. Com isso, milhares de rádios religiosas, compradas a baixo custo ou ganhadas em concessões, poderão aumentar a sua potência de sinal e foram elevadas a categoria de FM, com maior qualidade e audiência nas áreas urbanas. Pelo visto, até César foi convertido e agora tudo é de Deus.