Um terço dos homens entrevistados admitiu ser mais difícil manter o controle de seus comportamentos sexuais e negociar o uso do preservativo sob influência das drogas. Ataques de pânico, overdose, convulsões e violência sexual também foram associados com o sexo movido a drogas. Os entrevistados apontam que o uso das substâncias se estabelece e se torna “normal” por meio social ou em razão dos hábitos do parceiro sexual.
O estudo aponta ainda a falta informação e que esta parcela mais vulnerável da sociedade está se arriscando ao utilizar as novas drogas associadas ao sexo. A pesquisa aponta que o uso das substâncias encorajava os homens a uma vida sexual mais aventureira, embora a maior parte deles quisessem relacionamentos mais sérios e um parceiro para um contato mais emocional, íntimo e duradouro. Além do uso de drogas para o sexo criar mais coragem para a procura de parceiros casuais, o “chemsex”, como é chamada esta combinação de entorpecentes e sexo, é apontada como um dos possíveis fatores para aumentar o risco de infecção pelo HIV.
A pesquisa conclui a necessidade de novas políticas públicas de redução de danos e mais informação voltados à comunidade LGBT e que este tipo de prática merece maior atenção e urgência, principalmente frente aos dados que relacionam o aumento da incidência do HIV na comunidade gay local. Conclui ainda que a facilitação na busca de parceiros pela internet cria um ambiente propício para o aumento do uso desenfreado de drogas durante as práticas sexuais.
Se antes a comunidade gay se encontrava nos guetos, na busca de parceiros, hoje a internet oferece a facilidade de encontros privados, onde o uso de drogas é menos censurado, possibilitando até a criação de grupos que promovem eventos com sexo e drogas, como aponta o estudo. As novas drogas, também oferecidas on line, mais baratas, mudaram o padrão de parte da comunidade gay. Outro fator para a diminuição da prevenção e preocupação com o HIV está na ideia de que as drogas antirretrovirais diminuíram os riscos de se contrair o HIV ou desenvolver a Aids ou morrer por causa da infecção pelo HIV.
“Com todas essas drogas, não há um acompanhamento ou instruções de dosagens para ajudar as pessoas a reduzirem o risco potencial, então quem as toma pode precisar de atendimento emergencial para uma overdose ou efeitos colaterais indesejados. E claro, as pessoas que usam tais drogas se tornam muito desinibidas, significando que elas podem assumir riscos sexuais que não assumiriam se estivessem sóbrias. Estamos preocupados com os fatores de risco no aumento das taxas de HIV e doenças sexualmente transmissíveis”, avalia o pesquisador Paul Steinberg, que liderou o estudo.