Rabino ortodoxo gay está no Brasil para debater judaísmo e homossexualidade

Autor do livro “Lutando com Deus e os homens: a homossexualidade na tradição judaica”, o rabino ortodoxo norte americano Steve Greenberg, 58, está no Brasil com seu companheiro e filha para dar luz aos judeus gays brasileiros em um universo religioso ainda cheio de dogmas. Mas para o religioso, diretor do instituto Eshel de assistência a judeus ortodoxos gays e transexuais, não existem tradições imutáveis. Em entrevista ao jornal O Globo, publicada neste fim de semana, Greenberg afirmou que a leitura de textos sagrados não pode ser feita de forma hermética. “Há uma concepção no próprio judaísmo de que a linguagem é uma questão escorregadia. Estamos sempre interpretando as palavras. O Torá também diz: “Não matarás”, mas não explica o que fazer quando há alguém correndo atrás de você com uma faca”, exemplifica.

Ele é um dos dois rabinos ortodoxos no mundo que se assumiram gay na milenar tradição judaica ortodoxa e participou de um ciclo de palestras no Rio de Janeiro, no Midrash Centro Cultural, onde falou sobre como é ser judeu e homossexual. O rabino ficará no Brasil até a próxima semana e participa ainda de debates fora da comunidade judaica. Para ele, as religiões precisam rever seus conceitos: “As tradições imutáveis não sobrevivem. E todas as religiões antigas têm condições de resolver um problema como esse, porque elas já resolveram outros problemas do tipo no passado. É só ela decidir que é hora de mudar. As comunidades religiosas vivem no “hoje” com as memórias e recursos do passado. Se apegar a uma tradição, insistir que a Terra é plana e negar as novas descobertas humanas é uma afronta a Deus. Para mim, é impossível imaginar uma tradição religiosa que não tenha uma disposição para aceitar novos fatos”, afirmou o rabino para o O Globo.

Há 15 anos, o religioso de Nova York se assumiu homossexual e conseguiu mudar muito o ambiente da comunidade judaica ortodoxa americana, hoje tolerante aos homossexuais nos grandes centros, chegando a abençoar casamentos do mesmo sexo. Mas ele destaca que não fez a mudança sozinho, em entrevista ao site Huffington Post.  Ao passo que gays foram saindo do armário, ganhando apoio entre os jovens e casos de depressão e suicídio entre jovens gays chegaram aos rabinos, o tema foi sendo inserido nas comunidades e despertou o entendimento dos mais velhos, explicou ele.

Confira a entrevista de O Globo aqui.

 

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