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OMS recomenda que quem faz sexo gay tome antirretrovirais como forma alternativa de prevenção

Redação Lado A 11 de Julho, 2014 19h34m

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Depois de 33 anos do surgimento da Aids, recentes números da infecção no mundo entre homens que fazem sexo com homens apontam um crescimento da epidemia, principalmente entre a comunidade jovem. Neste panorama, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu na última sexta feira o documento “Diretrizes Consolidadas para Prevenção, Diagnóstico, Tratamento e Cuidados em HIV para Populações Chave”, por meio de seu departamento de HIV AIDS, com uma recomendação polêmica: que homens que façam sexo com homens tomem o antirretroviral em dosagens profiláticas como forma de prevenção. A recomendação estava sendo estudada desde o ano passado e é baseada em pesquisas e segue decisões anteriores da USaids e UNaids. O documento lembra ainda que o uso da camisinha não deve ser abandonado. A recomendação é apenas mais uma no esforço de conter a epidemia.

O tratamento novo é a combinação de dois medicamentos que vem apresentado sucesso na diminuição da transmissão do HIV. A declaração é acompanhada de ressalvas, que pessoas em relacionamentos monogâmicos não precisariam tomar, ou as que usam preservativo sempre, e ainda dados de que homossexuais tem 19 vezes mais risco de se infectar com o HIV do que a população em geral, leia-se heterossexuais.

Com todo o cuidado o documento tenta, mas não consegue, sensibilizar governantes sobre os impactos sociais que aumentam este risco, como o homofobia e falta de acesso à saúde, porém a recomendação, e principalmente como a mídia a anunciou, reforça o estereótipo do gay promíscuo. Para estes, e ainda profissionais do sexo, prisioneiros, transexuais e usuários de drogas injetáveis, o uso do antirretroviral de forma contínua poderia diminuir as taxas de transmissão em até 25% nos próximos 10 anos, revela o documento, o que poderia chegar a um milhão de novos casos evitados. Estes grupos, junto aos homossexuais, representam 50% das novas infecções da doença. 

Nos últimos 12 anos, com a inclusão do tratamento contínuo para pessoas soropositivas, muitas vezes financiadas por governos, antes o coquetel era indicado apenas para pessoas doentes de Aids, diminuiu em um terço o número de novos casos. Este mês, a Conferência Internacional sobre Aids, em Melbourne, na Austrália, deve discutir melhor a recomendação polêmica. Em 2012, o Brasil se manifestou contra a indicação que já ganhava peso nos EUA, pois não haviam estudos suficientes para embasar a sugestão, porém desta vez o Brasil assina a recomendação por meio do coordenador do programa de Hiv/Aids.

 

 

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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