Garoto prodígio: Novo residente do grupo Black Box, Arthur Becker estreou adolescente na cena gay curitibana

Aos 15 anos de idade, o DJ Arthur Becker já era atração em Curitiba no final dos anos 90. Ele foi residente aos 16 anos do Club Elektra e o loirinho de olhos azuis que tocava som clubber virou personalidade rapidamente na noite da capital paranaense. Depois, ele passou por clubes como Cats e Box, chegando a ser eleito em 2001 DJ do ano da cidade, aos 18 anos. Em seguida, Arthur tocou como residente de diversos clubes da cena hétero como The Hall, Cabral, bateu ponto nas baladinhas Konys, Rave, Vibe, Mediterranea, Wyn, Lique, Aurora, entre outras que marcaram Curitiba nos anos seguintes. Com mais de 1000 apresentações em seu currículo, que inclui ainda os clubs Bubu Lounge, Love, D-Edge (SP), Bali Hai, Warung (SC) e Pacha (Buenos Aires), e a na rave Wonderland, o DJ tem muita vivência de noite acumulada ao longo dos seus 18 anos de carreira.

Como o bom filho sempre a casa retorna, Arthur Becker aceitou o convite de ser o novo residente da Black Box, retornando para a cena GLS depois de muito tempo. Ele ainda assina as produções do Bar Code ao lado do promoter Neno Lima, dando nova proposta ao clube. Hoje, aos 32 anos, produzindo e com uma gravadora, e um estúdio em casa, Arthur conversou com a Lado A sobre sua relação com a cena gay e seus novos projetos. No sábado, o lindo faz seu aniversário na Black Box.

 

Por que a noite gay é diferente para o DJ? 
Comecei a minha história como DJ no segmento mix. A minha base e experiência musical eu conquistei com esse público e me tornei um bom DJ. Toquei para diversos públicos, cidades e países diferentes… Cheguei a conclusão que o ambiente mais divertido para tocar é o meio gay. Nesse meio não existe o meio termo… ou gostam ou odeiam… E para os DJs mais experientes, isso se torna uma aventura. 

 

E como você lida, sendo hétero, com o assédio? 
Como em qualquer profissão artística, o assédio faz parte do pacote. Agradeço aos meus pais pela educação que tive, baseada no respeito ao ser humano, independente de suas diferenças. As pessoas mais inteligentes e interessantes, os amigos mais sinceros, eu conheci neste meio. Me considero um cara de sorte. Fico com pena de pessoas que se limitam em frequentar ambientes ou se privam de conhecerem outras pessoas pela orientação sexual que os definem. Certamente perdem grandes chances de evoluir e aprender coisas novas. Quanto ao assédio, consigo contar nos dedos quantas vezes passei por situações embaraçosas. Na maioria das vezes, o público sabe que sou hétero, ou quando descobrem, me tratam com o maior respeito. Admiro isso.
 
  
Na música vale apostar em novas tendências e correr riscos ou agradar a pista sempre? Como achar este equilíbrio?
 Eu sempre apostei em tendências. Claro que para tudo existe um limite, então se uma música me agrada e tem relação com a minha personalidade, vou tocar. Acho terrível um DJ se fechar em um estilo, aliás isso para mim não é DJ. Cada pessoa tem uma relação com a música, uma história, uma experiência, e se você olhar para a pista de dança cheia, vai perceber que existe muita emoção em jogo. Gosto da possibilidade de manipular sentimentos, de buscar experiências e essa é a principal característica do meu som. Um DJ não pode tocar uma linha musical, ele tem que fazer uma viagem musical, levar seu público para outra atmosfera. 
 
Após tantos anos distante do meio GLS, o que você espera do seu retorno?
Quero fazer algo diferente para esse público. Aliás acho que era isso que eu fazia no passado (risos)… Quero sintetizar toda minha experiência musical dos últimos anos e apresentar coisas novas, possibilitar novas experiências. Pretendo ser uma fonte de informação musical para eles. Sei que poucas pessoas desse meio participam do meio hétero e vice versa, então me vejo como uma ponte, que ligará o que tem de bom nos dois mundos. Claro que vou fazer isso de maneira sutil na Black Box, sem assustar com músicas muito diferentes, mas no Bar Code a historia já mudou.

Confira algumas fotos da carreira do DJ:

 

Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa