“Galera, depois de muito tempo ruminando sobre, decidi fazer uma vaquinha com o intuito de arrecadar parte do dinheiro para a realização da minha mastectomia (retirada das mamas). Já faz algum tempo que eu decidi dar uma reduzida nas minhas boemias e nas minhas saídas, sejam elas simples almoços com os amigos ou festas badaladas (tuntz tuntz tuntz). O valor mínimo para contribuição, estipulado pelo site, é de R$ 5,00. Como objetivo da vaquinha, coloquei R$ 3.500,00 como valor máximo a ser arrecadado, visto que o valor da cirurgia sai a R$ 3.000,00 de entrada e o resto é parcelado. Coloquei R$ 500,00 acima do valor da entrada devido aos valores descontados de cada contribuição, arredondando o valor das taxas para 10%”, explica ele.
Ele conta que sempre foi um garoto tímido e aos três ou quatro anos perguntou aos pais porque Deus era mau com ele, “Sou um menino”, dizia ele que era contrariado por todos. Ele conta que rezava para um dia entender o que aconteceu com ele. “Havia algo de errado com as pessoas ou havia algo de errado comigo”, conta ele que na adolescência foi diagnosticado com ovário policístico e alta produção de testosterona. “Deve ser por isso que ela é assim”, dizia a mãe. “Pronto, o problema é esse”, acreditava o pai.
Depois de anos tomando anticoncepcionais para regular seus hormônios, veio na internet a descoberta: “Transexual é uma pessoa que se sente aprisionada em um corpo que não lhe pertence”. Acolhido pela mãe, nada mudou, mas ainda faltava um longo caminho, nada fácil para um adolescente.
No Ensino Médio, ele adotou o nome social e pediu para usar o banheiro masculino mas não foi autorizado pela escola. “Alexander” decidiu há 2 anos sair do seu armário trans e assumir quem era depois de ser expulso dos banheiros femininos e viver pedindo para ser respeitado como era. Na primeira injeção de testosterona, uma reação inflamatória em sua nádega criou o primeiro abscesso. Ele decidiu ir em frente e passou a usar a identidade social masculina.