Bem, o exemplo que vou dar talvez não seja exclusivamente meu, na verdade, tenho certeza que com quase todos vocês é assim, principalmente para os que tem irmãos (héteros). A sociedade te cobra para constituir família, apesar de isso vir mudando muito ao longo dos anos, ainda existe a clara cobrança da mãe com os filhos(as) dizendo “você não vai arrumar um marido?” ou ainda “eu quero um netinho, sua tia fulana já é avó” e por aí vai, com inúmeras cobranças para a continuidade da família dita “tradicional” para a sociedade.
Pois bem, chega a hora em que o filho ou a filha conta, a hora em que toma coragem para saír do armário, muitas vezes desastrosamente, não é nada planejado mas, enfim, a família toma conhecimento. Aí está o ponto alto da discussão, acabam-se as cobranças por parte da família! Nessa hora que você se dá conta de que a sociedade, de que sua família e todos em geral não estão preparados para continuar na cobrança pela constituição da nova família (já não tão tradicional). Entende? Abre-se um buraco quando é revelado a orientação e o pai ou a mãe nunca mais toca no assunto de “você não vai arrumar um marido” (dizendo isso ao seu filho) ou então “eu quero um neto, se vira, adote, faça alguma coisa”.
Esse vazio que existe para a constituição da nova família, (acredito eu) faz com que tenhamos uma deliberada ‘liberdade’ e isso resulta nesses namoros intemperes, relacionamentos que estão disfarçados de honestidade conjugal, toda essa orla de descompromisso para com o próximo que em determinado momento nos acolheu.
Aprendi logo cedo que traição não vale a pena, é melhor estar solteiro do que namorando ou casado mas buscando novas pessoas, buscando aventuras. Se isso acontece é porque a relação não está bem e existem várias medidas que podem ser tomadas para isso, uma delas é a separação, que é muito mais digna do que essas escapadas.
Por fim, no dia dessa conversa, observei de forma ainda mais conclusiva que mesmo os pais passando muitas vezes pela difícil tarefa (para alguns) de aprender e aceitar seu filho(a) ainda os falta e muito a capacidade de buscar a mesma formação de família que teriam caso a orientação do seu filho não fosse diferente da imaginada.
Maurício Fritsch é um questionador nato, ótimo ouvinte e conversador também viciado em comida japonesa. Atualmente trabalha como desenvolvedor de aplicativos para dispositivos móveis e consultor de TI. Tem um blog onde raramente posta algo novo (http://mauriciofritsch.wordpress.com). Adora novas amizades, gosta de sair e eventualmente escrever sobre questões humanas.