A tradicional listagem da Lado A, que anualmente apresenta as 10 pessoas que mais usaram a mídia para difundir seus preconceitos e comentários contra homossexuais, chega a sua 5ª edição. Como em todos os anos, por meio de sugestões de 10 ativistas e militantes da comunidade LGBT desenvolvemos a lista que pontua a razão destas pessoas serem consideradas inimigas públicas dos homossexuais do país.
Este ano, oito das personalidades nomeadas já constavam em listas anteriores. Temos pela primeira vez citado o deputado Anderson Ferreira (PR-PE), autor do Estatuto da Família, que quer barrar o reconhecimento da família homoparental e com isso anular as decisões do Supremo a favor do casamento gay e adoção. E temos ainda o ex-candidato do PRB à presidência Levy Fidelix, que no debate eleitoral do ano passado afirmou que “aparelho excretor não reproduz” e conseguiu chocar até o pastor Everaldo que estava ao lado dele. Condenado a pagar uma multa milionária por causa da ocasião, ele insiste em defender seu direito de opinião.
E esta é a razão desta lista. O direito de opinião não pode levar o debate à humilhação e invasão do direito à dignidade de milhões de pessoas que por meio da mídia ouvem uma“opinião” que corrobora crimes de ódio e o preconceito que recebe todos os dias. O argumento é o mesmo: superioridade, menosprezo pelos direitos do outro por ser diferente. A homossexualidade não é doença, não é crime, não é perversão. Todos devem ter o direito de manifestar as suas opiniões, mas sem que isso seja na forma e objetivo de menosprezar, diminuir, a outra pessoa ou grupo.
Chama atenção que quase a totalidade dos nomeados são da política ou se envolvem diretamente com ela, na forma de lutar contra o direito dos casais do mesmo sexo, ou não agirem para que leis importantes para a cidadania dos LGBTs, como a de criminalização da homofobia, sejam aprovadas. O Brasil é um país onde ser homossexual significa enfrentar o preconceito dentro de casa, na escola, no trabalho, na rua, em todos os ambientes. Discursos como os destas pessoas reverberam e falta compromisso destes agentes políticos com o direito do outro. Eles colaboram com o panorama atual, de violência e mortes diárias em nome do preconceito, e essas atitudes não podem ser mais toleradas.
Por isso, apresentamos os inimigos públicos dos Gays no Brasil 2015:
Deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
Atual presidente da Câmara dos Deputados, em 2010, o deputado federal do PMDB do Rio de Janeiro apresentou um projeto de lei para criminalizar a discriminação de pessoas heterossexuais. Apesar de se dizer “democrático” depois de assumir a importante posição no Legislativo, proibiu este ano os cartazes de um evento para a comunidade LGBT dentro da Câmara por causa de um casal lésbico quase se beijando no pôster de divulgação do evento. Ele também não deixou ser emitido convite oficial da Câmara para o seminário, com em todos os anos anteriores. “Quando falo normal não quero dizer que eles sejam anormais. Na natureza existe o homem e a mulher, mas não acho que eles sejam anormais. Mas eles representam uma minoria”, afirmou ao defender seu projeto. Em sua forma de atuação, sempre age contra os homossexuais, discretamente, mas faz questão de dizer que não é homofóbico.
Anderson Ferreira (PR-PE)
Autor da proposta do Estatuto da Família (Projeto de Lei 6.583, de 2013), atualmente em debate na Câmara dos Deputados, o deputado pernambucano escreveu na proposta de seu projeto: “Define-se entidade familiar como o núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável, ou ainda por comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”. Ou seja, já é contra a união entre pessoas do mesmo sexo, qual não reconhece como família e tenta com seu projeto reverter a decisão do Supremo que reconheceu em 2012 a união gay e a adoção no país.
Dep. Jair Bolsonaro (PP – RJ)
O deputado carioca foi o primeiro a descobrir que ser contra os gays gerava mídia. Autor de termos como “Ditadura Gay” e “Cartilha gay”, compara homossexuais a pedófilos e zoofilia. Para ele, reconhecer o casamento gay iria abrir precedentes para isso. Pois Não aconteceu. Auto defensor das famílias, ele já se casou algumas vezes e chegou a dizer que nenhum pai tem orgulho de um filho homossexual. Polêmico, ele sorri, diz que não tem nada contra, mas que defende o direito das crianças… uma coisa meio Putin na Rússia.
João Campos (PSDB-GO)
Autor do famigerado projeto de “cura gay”, o deputado preside a Frente Parlamentar Evangélica e articula na Câmara todas as ações contra a comunidade LGBT. No ano passado retiraram o termo orientação sexual do Plano de Educação e bateu pé para que a palavra não entrasse no Estatuto dos Deficientes, mas passou. Se houver a palavra gay ou orientação sexual, a bancada faz de tudo para barrar. Segundo eles por discordar por questões religiosas… qual defendem como livre direito de prática religiosa. Tentou ainda derrubar por meio de um Decreto Parlamentar da Câmara a decisão do Supremo que reconheceu a união entre pessoas do mesmo sexo.
Marisa Lobo Franco Ferreira Alves, Psicóloga (PSC-PR)
A psicóloga Marisa Lobo insiste em atuar a favor do tratamento da homossexualidade com sua “psicologia cristã”. Por isso, por isso chegou a ser condenada pelo Conselho Regional de Psicologia do Paraná, ação que em julgamento pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) acabou em não cassação do seu diploma. Ela se diz vítima de perseguição religiosa por defender o direito dos “ex gays” a terem apoio e tratamento. O seu discurso mudou ao longo dos anos e hoje ela até posa de amigo dos gays mas que defende o direito dos ex gays. Mas a gente não esquece que antes ela dizia que os heterossexuais eram os “normais”. No ano passado, a psicóloga tentou uma vaga a deputada federal pelo PSC PR mas não se elegeu.
Dep. e pastor Marco Feliciano (PSC – SP)
O deputado paulista protagonizou diversos episódios em que afirmou que era vítima de perseguição religiosa do que chama de “ditadura gay”. Ex presidente da Comissão de Direitos Humanos, faz parte do grupo de deputados que diz que vai ajudar mas só enrola os gays. Falou que a lei contra homofobia deveria mudar para não prejudicar os religiosos mas depois que ela foi alterada preferiram arquivar a mesma. Assim atua com seus colegas, ganhando mídia com o tema, se dizendo vítima e angariando votos e doações para defender a sua missão de defender a família cristã. Este ano ele apresentou uma proposta de audiência na Comissão de Direitos Humanos em defesa dos “ex gays”. Ele apóia o Estatuto das Famílias e o novo projeto que visa derrubar a proibição do CFP que proíbe tratamentos de reversão de sexualidade ou que desafiem alterar a orientação sexual dos pacientes, agora em nove dos ex gays, ao qual diz defender.
O deputado paulista protagonizou diversos episódios em que afirmou que era vítima de perseguição religiosa do que chama de “ditadura gay”. Ex presidente da Comissão de Direitos Humanos, faz parte do grupo de deputados que diz que vai ajudar mas só enrola os gays. Falou que a lei contra homofobia deveria mudar para não prejudicar os religiosos mas depois que ela foi alterada preferiram arquivar a mesma. Assim atua com seus colegas, ganhando mídia com o tema, se dizendo vítima e angariando votos e doações para defender a sua missão de defender a família cristã. Este ano ele apresentou uma proposta de audiência na Comissão de Direitos Humanos em defesa dos “ex gays”. Ele apóia o Estatuto das Famílias e o novo projeto que visa derrubar a proibição do CFP que proíbe tratamentos de reversão de sexualidade ou que desafiem alterar a orientação sexual dos pacientes, agora em nove dos ex gays, ao qual diz defender.
Pastor Silas Malafaia
Com discursos raivosos contra os militantes gays ou a comunidade gay, ele prega que ser homossexual é pecado e que Deus não aceita os homossexuais. O pastor carioca é contra o PLC 122, que visa criminalizar a homofobia, que Malafaia chama de lei da mordaça. O discurso do pastor cita trechos bíblicos que chamam a homossexualidade de “antinatural”, “aberração”, “pecado” e ainda chama os gays de “fornicadores”. Depois de que no ano passado foi constatado que ele falava mais dos gays do que em Jesus, o pastor saiu um pouco da mídia.
Pastor Everaldo Pereira (PSC)
Vice-presidente do Partido Social Cristão, PSC, partido que abriga a maior quantidade de políticos que se manifestam usando a Bíblia para condenar a homossexualidade publicamente, ele comanda um verdadeiro exército de políticos evangélicos em quase todas as cidades do país. Apesar de simpático e esforçado, ele reproduz o discurso do meio de forma moderada, mas ele quem bate o martelo para a homofobia praticada e deixa que o partido que tem cristão no nome seja aquele que mais persegue os gays na política nacional, usando o legislativo para cercear direitos e promover a homofobia verbal e institucional, chegando a pressionar o Executivo para que não se dedique ou dê espaço a esta minoria.
Vice-presidente do Partido Social Cristão, PSC, partido que abriga a maior quantidade de políticos que se manifestam usando a Bíblia para condenar a homossexualidade publicamente, ele comanda um verdadeiro exército de políticos evangélicos em quase todas as cidades do país. Apesar de simpático e esforçado, ele reproduz o discurso do meio de forma moderada, mas ele quem bate o martelo para a homofobia praticada e deixa que o partido que tem cristão no nome seja aquele que mais persegue os gays na política nacional, usando o legislativo para cercear direitos e promover a homofobia verbal e institucional, chegando a pressionar o Executivo para que não se dedique ou dê espaço a esta minoria.
Senador Magno Malta (PR – ES)
O senador carioca (PR-ES) é o líder evangélico no Senado Federal e responsável no Senado pela tranca de pautas e alianças contrárias aos projetos que visam melhorar a qualidade de vida da comunidade gay no país. Ele tem discurso preconceituoso, baseado em sua religião, e prega o direito da maioria como se isso fosse democracia. Mais um auto intitulado defensor da família tradicional e que usa a Bíblia para ferir a dignidade das pessoas LGBT. No Senado é o grande algoz dos direitos gays, sendo responsável pelo engavetamento do projeto em 2014, depois de anos se oferecendo para alterar o projeto para aprová-lo, o que não fez. Aultima dele foi tentar reclassificar indicação da novela Babilônia para 16 anos, aquela que teve um beijo lésbico…
O senador carioca (PR-ES) é o líder evangélico no Senado Federal e responsável no Senado pela tranca de pautas e alianças contrárias aos projetos que visam melhorar a qualidade de vida da comunidade gay no país. Ele tem discurso preconceituoso, baseado em sua religião, e prega o direito da maioria como se isso fosse democracia. Mais um auto intitulado defensor da família tradicional e que usa a Bíblia para ferir a dignidade das pessoas LGBT. No Senado é o grande algoz dos direitos gays, sendo responsável pelo engavetamento do projeto em 2014, depois de anos se oferecendo para alterar o projeto para aprová-lo, o que não fez. Aultima dele foi tentar reclassificar indicação da novela Babilônia para 16 anos, aquela que teve um beijo lésbico…
Levy Fidelix (PRTB)
Candidato à presidência no ano passado pelo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), Levy Fidelix foi condenado em março a pagar uma multa de1 milhão de reais por suas declarações homofóbicas em debate da campanha presidencial. Ele se disse tolhido de seu direito de expressão e reforçou que o país vive em uma ditadura gay. Para ele, a condenação foi perseguição política. Ele defende que a maioria não pode aceitar a imposição de uma minoria, lembrando que ele obteve 0,43% dos votos válidos à presidência quando se candidatou, ou seja, menos de 450 mil votos. Apesar da insignificância política, o candidato foi homofóbico em um debate nacional de televisão para presidenciáveis, repercutiu mundialmente, e mostrou a audácia e falta de noção da homofobia.
Dilma quase entrou na lista deste ano de novo, mas vale a pena ser lembrada:
Presidente Dilma Rousseff (PT)
Três erros graves marcam a vida política da presidente Dilma na questão de enfrentamento à homofobia. Ela vetou o projeto Escola sem Homofobia, em 2011, disse que seu governo “Não faria apologia a nenhuma opção sexual” e em outro momento fechou parceria com a bancada evangélica para não colocar pautas que garantissem direitos à comunidade LGBT no país. Embora publicamente se pronuncie a favor da criminalização da homofobia e da união gay, Dilma cumpre na risca a promessa feita anteriormente. Com dados alarmantes sobre a violência homofóbica no país, homossexuais vítimas de crimes não conseguem registrar este tipo de violência nas delegacias. A falta de uma lei e de posicionamento mais contundente do Estado, que poderia enviar projeto ao Congresso ou ainda medidas provisórias, faz com que os LGBTs brasileiros fiquem reféns de promessas de campanha, ações paliativas e discurso duvidoso. Sim, Dilma é inimiga dos gays, mesmo posando de amiga, pelo simples fato de não corresponder ao esforço feito publicamente por outros presidentes como Obama, nos EUA, para promover a igualdade. A omissão é tão cruel quanto a homofobia direta, por isso ela fecha a nossa lista pelo terceiro ano consecutivo.