Um outro evento, realizado no Rio de Janeiro seis meses depois, também foi um dos pioneiros no país, mas o professor Luiz Mott, do Grupo Gay da Bahia, presente às duas ocasiões, explica a importância do evento curitibano: “Aos 31-1-1995, em Curitiba, portanto, seis meses antes, no último dia do VIII EBGL, ocasião em que é fundada a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis, realiza-se a maior passeata glt da história do Brasil até então, a primeira a apresentar o mesmo lay-out das “gay parades” norteamericanas. Contou com a presença de 40 grupos glt e mais de 500 participantes. Dois carros de som, muitos balões e bandeiras com as cores do arco-íris, travestis, drag-queens e transformistas em profusão: concentração na Praça Santos Andrade de Curitiba, percorrendo as ruas principais do Centro, com falações na famosa Boca Maldita. Considero essa a primeira “parada gay” do Brasil seguindo o padrão internacional e mantido até hoje no Brasil”, explicou o antropólogo.
“As precursoras passeatas gays dos anos 80 e 90 abriram alas para as grandes e numerosas paradas de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros do terceiro milênio: em 2002 foram realizadas 27 paradas do Nordeste ao Sul do Brasil, reunindo quase um milhão de participantes”, afirma Mott em seu ensaio “Paradas do Orgulho Gay no Brasil 1981-2002”.
Antes da Parada gay de Curitiba, uma passeata em 1980, em São Paulo, reuniu cerca de mil pessoas em um protesto contra a violência policial na região do Largo do Arouche. Outros protestos durante a Ditadura também ocorreram em diversas capitais, destaque para uma manifestação em Olinda organizada por uma entidade precursora à própria ABGLT que acabou não sendo continuada nos difíceis anos seguintes. “Com a crise da Aids, há um recesso na movimentação lesbigay em nosso país, de sorte que só no início da década de 90 que acontecerão novas manifestações de massa dos grupos homossexuais organizados”, conta Mott que fundou em 1981 o Grupo Gay da Bahia, plantando uma semente para o renascimento do movimento gay no Brasil. O GGB é hoje o mais antigo grupo gay em atividade e um dos mais ativos.
Diversas passeatas ocorreram no país no final dos anos 80 e no início da década de 90 mas o primeiro evento com moldes de uma parada gay e não de protesto pontual foi o da capital paranaense. Por três edições a partir do ano 2000 a organização do evento foi feita pelo extinto grupo Inpar 28 de Junho, depois sendo a parada de Curitiba novamente organizada pelo Grupo Dignidade, por dois anos, e posteriormente pela APPAD – Associação Paranaense da Parada da Diversidade – que organiza o evento desde 2005 até hoje.