Novo caso de homofobia por cobrador de ônibus em Curitiba questiona serviço

“Pô, aqui não, né? Vamos respeitar o local, as pessoas” foi o que ouviram o estudante Alexandre Plautz Lisboa, 20, e seu namorado Leonardo Camargo Soares da Cruz, bailarino e professor, 27, no último dia 21 de junho, quando se despediam ao lado da entrada de uma estação tubo Antero de Quental no bairro Vila Guaíra, em Curitiba, por volta das 11h da manhã. A frase foi proferida pelo cobrador da estação, ainda não identificado, que ao ser questionado pelo casal sobre o que havia de errado no comportamento deles afirmou que o local não era pra safadeza, que havia trânsito de crianças e que chamaria a polícia.

Após Camargo e os outros passageiros embarcarem sentido Terminal do Portão, Alexandre ficou sozinho no local e continuou a discutir com o cobrador que foi encorajado a chamar a polícia. Ao pedir o nome do funcionário, o cobrador pegou um pedaço de madeira dentro do tubo e foi em sua direção de forma ameaçadora. Alexandre se distanciou do local. O jovem, que usa o mesmo tubo todos os dias para ir para a faculdade, ficou chocado com a atitude do cobrador. Segundo ele, um vizinho viu o homem com o pedaço de pau. Ao voltar para casa, ele ligou para a polícia e para a Guarda Municipal.

Ao ser informado que havia uma viatura da Guarda Municipal no local, Alexandre voltou à estação tubo e ouviu o cobrador defender sua ação, dizendo que só faltava os dois “abaixarem as calças”, insinuando que estavam em atitude lasciva. Os guardas não informaram o nome do cobrador e instruíram que Alexandre ligasse ao 156 para conseguir a informação e fosse a uma delegacia registrar um Boletim de Ocorrência. “Eu e meu namorado Leonardo vamos seguir até onde for pra que atitudes como essa não ocorram com ninguém mais, com nenhum(a) LGBT, e que esse cara seja punido, junto com os outros responsáveis que o empregaram”, desabafou o jovem em seu perfil do Facebook.

O caso muito se assemelha ao ocorrido em 2013 com a então estudante da PUC PR Raíza Luara, aos 18, na estação tubo Avenida Kennedy, no bairro Novo Mundo. Ela, a namorada na época e outros amigos estavam dentro da estação quando o cobrador pediu para elas não se beijassem por ofender as outras pessoas. O funcionário chegou a dizer que a reclamação veio de outros passageiros e quando o coletivo chegou ele disse: “Agora vocês vão pegar esse ônibus por bem ou por mal”.

As meninas demoraram para identificar o cobrador, tendo a informação sendo negada pelo 156 e por ofícios enviados à URBS. Mesmo sem receber a informação do nome do funcionário, elas processaram a empresa Viação Sorriso e a URBS mas acabaram perdendo a ação. As imagens das câmeras do local nunca foram cedidas pela URBS que a todo momento defendeu o cobrador que afirmou que elas faziam algazarra no local e que não foi uma questão de fundo sexual que motivou a reação do funcionário, argumento da defesa das empresas no julgamento. Por falta de testemunhas a não ser o próprio grupo e provas, tendo o cobrador apresentado uma testemunha a seu favor, o TJ também negou o pedido de indenização no recurso movido pelas garotas. O custo total de uma ação deste porte seria de mais de R$3 mil reais.
 

 

 
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