Após Camargo e os outros passageiros embarcarem sentido Terminal do Portão, Alexandre ficou sozinho no local e continuou a discutir com o cobrador que foi encorajado a chamar a polícia. Ao pedir o nome do funcionário, o cobrador pegou um pedaço de madeira dentro do tubo e foi em sua direção de forma ameaçadora. Alexandre se distanciou do local. O jovem, que usa o mesmo tubo todos os dias para ir para a faculdade, ficou chocado com a atitude do cobrador. Segundo ele, um vizinho viu o homem com o pedaço de pau. Ao voltar para casa, ele ligou para a polícia e para a Guarda Municipal.
Ao ser informado que havia uma viatura da Guarda Municipal no local, Alexandre voltou à estação tubo e ouviu o cobrador defender sua ação, dizendo que só faltava os dois “abaixarem as calças”, insinuando que estavam em atitude lasciva. Os guardas não informaram o nome do cobrador e instruíram que Alexandre ligasse ao 156 para conseguir a informação e fosse a uma delegacia registrar um Boletim de Ocorrência. “Eu e meu namorado Leonardo vamos seguir até onde for pra que atitudes como essa não ocorram com ninguém mais, com nenhum(a) LGBT, e que esse cara seja punido, junto com os outros responsáveis que o empregaram”, desabafou o jovem em seu perfil do Facebook.
O caso muito se assemelha ao ocorrido em 2013 com a então estudante da PUC PR Raíza Luara, aos 18, na estação tubo Avenida Kennedy, no bairro Novo Mundo. Ela, a namorada na época e outros amigos estavam dentro da estação quando o cobrador pediu para elas não se beijassem por ofender as outras pessoas. O funcionário chegou a dizer que a reclamação veio de outros passageiros e quando o coletivo chegou ele disse: “Agora vocês vão pegar esse ônibus por bem ou por mal”.
As meninas demoraram para identificar o cobrador, tendo a informação sendo negada pelo 156 e por ofícios enviados à URBS. Mesmo sem receber a informação do nome do funcionário, elas processaram a empresa Viação Sorriso e a URBS mas acabaram perdendo a ação. As imagens das câmeras do local nunca foram cedidas pela URBS que a todo momento defendeu o cobrador que afirmou que elas faziam algazarra no local e que não foi uma questão de fundo sexual que motivou a reação do funcionário, argumento da defesa das empresas no julgamento. Por falta de testemunhas a não ser o próprio grupo e provas, tendo o cobrador apresentado uma testemunha a seu favor, o TJ também negou o pedido de indenização no recurso movido pelas garotas. O custo total de uma ação deste porte seria de mais de R$3 mil reais.