A noite gay está morrendo?

O empresário inglês Mathew Causon escreveu um texto sobre o tema para o site britânico PinkNews e levantou um debate super interessante. Fundador e sócio da rede de clubes e bares gays OMG, ele trabalha há mais de 20 anos no ramo e conta com várias casas sob seu comando em diversas cidades e profetiza: “Hoje, os nossos verdadeiros concorrentes são as redes sociais e os supermercados”.
 
Para Causon, os clubes gays não devem tentar competir entre eles, localmente, mas contra a nova realizada econômica que faz as pessoas gastarem menos, sair menos, preferindo socializar online e com opções baratas de diversão. Mas ele revela que encontrou o caminho, já que os últimos cinco anos foram os melhores para os seus clubs. Ele defende que não há um apocalipse das boates gays, ou extinção dos modelos de clubes gays com suas propostas coloridas. Para ele, agora os clubes devem oferecer experiências, assim como bebidas. “As pessoas saem para ter excitação e experimentar se soltar de suas vidas diárias”, revela o administrador. 
 
“Eles querem sentir que estão vivendo uma fantasia, no momento que eles entram em um lugar. Nós construímos um negócio de sucesso com a comunidade LGBT não porque estamos interessados em quanto vendemos em bebidas, nosso foco é em todos os aspectos da experiência dos nossos clientes, da recepção na porta da boate até a saída”, explica Causon. “Eu nem quero saber o que o club da porta ao lado está fazendo”, revela.
 
Suas casas operam com uma programação musical padrão, sem DJs, executada por streaming emitido da matriz em Bristol, na Inglaterra. A decisão de retirar os DJs foi um choque no passado mas a rede se tornou a primeira a cortar a figura do DJ residente qual ele aponta que perdeu espaço na proposta da casa. 
 
A cena gay e as casas estão se destruindo. “Temos que parar de afirmar que os gays podem ir onde quiserem hoje em dia. Certamente podem, eles não precisam ir a clubs gays mais, mas eles podem e devem querer escolher ir no seu estabelecimento”. Se antes os clubes gays tinham o público na mão pela pouca  competitividade e ambiente libertário, alegre, “hoje o público gay espera o mesmo padrão encontrado nos clubes não gays”, revela o empresário.
 
“O publico não vai em bares e boates horríveis, antigas. Você precisa investir na sua casa. Os anos que as pessoas precisavam gastar o dinheiro e tempo na sua casa acabaram. Agora é preciso investir algum dinheiro do bolso para que o público gay escolha ir na sua casa, ao invés de ir na casa hétero”, escreveu ele.
 
Para Causon, o clube sempre irá sacrificar a experiência do cliente se ele oferecer produtos e serviços de baixa qualidade, ou pagar mal seus funcionários. Ou seja, se você faz muitas coisas que deixam o seu cliente desconfortável, ele não volta, e a casa terá que fechar.
 
“Apoie a sua comunidade LGBT local e mostre quem você quer que entre – sim, os héteros também são bem-vindo, mas os clubes gays pertencem aos gays e a segurança e a experiência devem vir em primeiro lugar. Se você parecer uma pessoa que não respeita isso em um dos meus clubes, você nem poderá entrar”, ensina ele. “Apoie a sua comunidade gay e ela apoiará você”, diz o empresário.
 
 

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Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa