Por muito tempo, no Brasil, o relacionamento entre um casal homossexual não poderia gerar filiações ou, pelo menos, elas não eram reconhecidas. Os documentos exigiam que os campos “Nome da Mãe” e “Nome do Pai” fossem preenchidos com uma designação de filiação. Entretanto, as instruções para solicitação do Passaporte, no site da Polícia Federal, trazem a notícia de que os campos “Nome da Mãe” e “Nome do Pai” foram alterados para “Nome do Genitor 1” e “Nome do Genitor 2”, incluindo um campo para especificar o sexo de cada genitor, o que permite que ambos sejam homens ou mulheres.
A mudança afetou diretamente o casal David Harrad e Toni Reis, ativista brasileiro que integra o Grupo Dignidade de Curitiba. Toni relata que, em 1996, seu marido David Harrad, britânico, foi detido por estar de forma irregular no Brasil. Visto que, na época, a legislação brasileira não aceitava as uniões gays como legais e, assim, não ofereciam a emissão do visto de permanência para o parceiro estrangeiro. A David foram dados 8 dias para sair do Brasil. O caso ganhou repercussão quando a mãe de Toni disse ao Fantástico que poderia se casar com David para que ele permanecesse no país.
20 anos depois, em 2016, o casal levou seu filho de 15 anos, Alyson, para tirar o primeiro passaporte na Polícia Federal e se surpreenderam positivamente quando descobriram que, agora, ambos podem aparecer como genitores masculinos no documento do filho. “Estamos muito felizes porque 20 anos mais tarde, entramos pela porta da frente da Polícia Federal com a nossa cidadania plena respeitada”, comemorou o casal.