Por décadas, o Grupo Gay da Bahia (GGB) foi a única entidade brasileira a oferecer algum tipo de dados sobre a homofobia no Brasil. O trabalho de monitoramento de notícias com registros de violência homofóbica fez a ONG ganhar visibilidade nacional. Depois do Somos – Grupo de Afirmação Homossexual, de São Paulo, que fundou o ativismo social brasileiro, já encerrado, o GGB é uma das maiores referências de luta LGBTQ por aqui, a mais antiga entidade ainda em funcionamento.
Fundado em 1980 por Luiz Mott e Marcelo Cerqueira, a entidade nasceu para ser um grupo que lutasse pela livre expressão da sexualidade. O episódio que deu origem a ideia de fundação foi uma agressão física sofrida por Mott quando estava andando de mão dada com seu namorado no Farol da Barra, em Salvador. Foi só 3 anos depois que o grupo foi declarado uma sociedade civil que não busca fins lucrativos. Desde então, vem se consolidando como uma instituição guarda-chuva para grupos interessados em pesquisas, ações e estudos que focam em áreas relacionadas, como combate à homofobia e prevenção da Aids e HIV. Seus esforços trouxeram resultados que afetam toda a comunidade LGBT brasileira, e vão desde a publicação de livros, até intervenções em protestos e atos de visibilidade.
Por exemplo, em 1987, publicou o livro Lesbianismo no Brasil, fazendo uma trajetória histótica sobre o assunto. As empreitadas editoriais não pararam por aí, o livro Homofobia: A violação dos direitos humanos dos gays, lésbicas e travestis no Brasil, também de 87, é outra obra assinada pelo GGB. Outro feito foi encabeçar a campanha nacional que lutou para a retirada da homossexualidade da lista de doenças e desvios sexuais. Outro dado importante: já distribuiu mais de 1 milhão de camisinhas desde a sua fundação.
Luiz Mott
Mott é o Presidente Honorário do GGB. Antropólogo, professor, historiador e pesquisador, ele nasceu em São Paulo em 1946, mas se mudou para Salvador perto da década de 80. A revista Wink publicou uma lista onde Luiz Mott aparece como um dos gays mais poderosos do mundo, graças ao seu trabalho realizado com o Grupo Gay da Bahia. Ele é doutor em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo e mestre pela Universidade Sorbone, de Paris.
Já recebeu o prêmio de pesquisador do ano, da Universidade Federal da Bahia, além do título de Cidadão Honorário de Salvador, dedicado a pessoas que fizeram grandes serviços pela cidade. Já publicou, também, diversos livros e artigos sobre homossexualidade e religião, homofobia e escravidão no Brasil. Um trabalho ímpar.