Ao constatar que os registros de violência contra homossexuais e transexuais no Relatório de Violência Homofóbica não traziam números que condiziam com a realidade, uma equipe de estudantes do Curso Abril de Jornalismo firmou uma parceria com o portal HuffPost Brasil para criar um mapa colaborativo sobre o assunto. A ideia é que qualquer pessoa possa preencher, de forma anônima, um formulário relatando qualquer tipo de hostilidade sofrida por conta da sua orientação sexual ou identidade de gênero.
Muitos crimes e casos importantes que tiveram motivação homofóbica acabam sem conclusão ou não são contabilizadas nos dados oficiais de homofobia e transfobia. Segundo o Transgrupo Marcela Prado, por exemplo, mais de 70 travestis e transexuais já foram mortas neste ano no Brasil. Por isso, o questionário é aberto tanto a pessoas que sofreram, presenciaram ou conhecem casos.
Dayane Saleh, 20, é integrante do grupo e conta que a ideia surgiu de uma comparação do relatório da Secretaria dos Direitos Humanos com os dados apresentados pelo Grupo Gay da Bahia, que faz um mapeamento das notícias divulgadas pela mídia nacional. Para ela, o documento oficial conta com informações deficientes.”Nosso objetivo principal é contestar o modo que as autoridades tratam os casos de violência e os crimes de ódio”, revela.
Saleh afirma que é importante que as entidades oficiais sejam responsáveis com a contabilização desses números, ao invés de envernizar a ineficácia do Estado em apurar tais casos. “Queremos que as delegacias tenham preparo para lidar com situações de violência homofóbica”, finaliza.
O resultado da iniciativa vai trazer dados para uma série de reportagens, com vídeos, infográficos e fotos. Para contribuir, basta preencher um questionário.
O Curso Abril de Jornalismo
Em sua 33ª edição, o curso dura um mês e meio e funciona de forma diferente a cada ano. Este ano, os jornalistas foram divididos em grupos correspondentes às publicações da Abril. A equipe do HuffPost ficou com a temática LGBT. “A nossa pauta do HuffPost Brasil foi o editor mesmo que sugeriu, já que eles tem essa forte ligação com os direitos LGBT”, conta Dayane Saleh, integrante do grupo.