Hoje é o Dia Internacional do Orgulho LGBT. Alguns não entendem a importância deste dia. Ele tem diferentes significados mas ele representa, sobretudo, resistência. Em 28 de Junho de 1969, um grupo de LGBTs reagiu à opressão policial em uma rebelião no Bar Stonewall Inn, em Nova York. Foi um marco. Mas muitos não entendem.
Por que ter orgulho de ser gay? Alguns homofóbico e até gays não veem que ser diferente é motivo de celebração. É importante não pelo fato de ser gay em si, mas o fato de poder resistir, de enfrentar uma sociedade machista e heteronormativa. O ato de viver sabendo-se homossexual, mesmo que em segredo, é motivo de celebração.
Se no passado fomos considerados demonizados, considerados doentes mentais, mortos em fogueiras e forcas, hoje ainda convivemos com a violência latente. Somos sobreviventes em uma sociedade higienizadora, que ainda prega o pecado e a antinaturalidade do amor entre iguais. Se você não sobreviveu a uma arma na sua cabeça, a uma ameaça direta, a uma família opressora, a um tratamento desumano. Com certeza seguiu em frente mesmo com as piadas e preconceitos jogados sobre você durante toda a vida. Somos todos sobreviventes.
Ser gay não é um ato político em sua origem, o orgulho não está ligado a se assumir ou não, a levantar ou não bandeiras. Mas a saber no seu íntimo que você celebra, nem que em silêncio, a sua essência. Ser gay é uma questão existencial, muitos precisam assumir a sua identidade de grupo, outros não. Alguns até rejeitam o rótulo gay. Não importa, você ainda está aqui.
E é resistindo que construímos um mundo melhor, aos poucos. Não houve uma revolução ou vitória da humanidade que os gays não estiveram lá presentes. Alan Turing, que decifrou o código secreto nazista, Platão e os fundadores da filosofia e cultura Ocidental, Da Vinci, Santos Dumont, entre tantos outros. Até a Capela Sistina, pintada por Michelangelo, tem a própria celebração do orgulho gay.
Pois aprendemos a viver um dia de cada vez, a enfrentar o preconceito com as armas que temos. A não deixar que nos diminuam com tanta desigualdade e preconceito. E retornamos ao mundo o nosso melhor, a nossa alegria, nosso talento, nossa resistência que se transforma em atividade política diária. Não somos melhores ou piores, somos iguais e a igualdade é o que buscamos, incansavelmente, seja na forma de militância ou de silêncio.