As Olimpíadas Modernas tiveram seu início na edição de 1908, onde um atleta homossexual quase participou. O ginasta dinamarquês Niels Bukh foi cortado em cima dos jogos porque seu porte físico não era considerado atlético. Entretanto, na edição de 1912 foi medalhista de ouro ao treinar a equipe do seu país, aplicando seu próprio método de ginástica que perdura até hoje e leva seu nome. Na primeira metade do século XX, a participação de homossexuais ainda foi mínima e estava minada pela crescente da filosofia nazista na Europa.
A primeira medalhista LGBT foi da artista plástica lésbica Renee Sintenis, da Alemanha, com uma escultura em 1928, quando o programa olímpico ainda tinha competições de arte e ela levou um bronze. Outro alemão, Otto Peltzer (foto), também participou da mesma edição, mas ele ainda não era assumido e foi tirado do armário à força pelo exército nazista, que colocou o corredor em um campo de concentração para homossexuais.
Desde a edição de Roma, em 1960, os atletas homossexuais voltaram a integrar as equipes dos países. Em Roma, foi apenas um. Mas o número cresceu para 36 em Atenas, na Grécia, e 49 em Pequim, na China. Falando em Grécia, vale lembrar que a criação do espírito olímpico aconteceu no Império Grego, onde a homossexualidade era uma cultura entre os atletas, uma vez que o sexo para diversão e prazer, na Grécia, acontecia apenas entre homens. Ainda os atletas se apresentavam despidos e cada vitória era comemorada com muita festa.
Em 1932, em Los Angeles, Mildred “Babe” Didrikson se mostrou uma prodígio nos esportes. Ela quebrou o recorde mundial e tornou-se uma campeã olímpica no arremesso de dados e ainda venceu nos 800 metros rasos. Eleita nos EUA a atleta feminina do século 20, apesar de casar-se com um homem, depois revelou abertamente um relacionamento com sua parceira de golfe, esporte ao qual se dedicou até o final de sua vida, em 1984.
Ainda hoje, muitos homossexuais assumidos fazem parte das equipes técnicas de seus países e longe dos holofotes colaboram para o sucesso de muitos atletas. Infelizmente, a cultura de não se assumir para não tirar o foco das performances e treinos, e nem afastar patrocinadores, é uma cultura forte nos esportes.
História recente
A tenista lésbica Martina Navratilova, da República Tcheca e naturalizada americana, é um dos grades nomes LGBTs a participar das Olimpíadas. Nas Olimpíadas de 2000, aos 47 anos, ela quebrou a marca como a atleta mais velha a participar dos jogos. Na sua equipe técnica, participava a tenista transexual Reneé Richards.
Outro ícone transexual que remete aos jogos é Caitlyn Jenner, ativista trans internacional. Ainda como Bruce Jenner, participou de duas edições dos Jogo Olímpicos, onde chegou a ganhar medalha pelos Estados Unidos. Outro nome é Greg Louganis, atleta do salto ornamental, que ganhou cinco medalhas olímpicas e ficou conhecido na edição de Seul, em 1988, quando bateu a cabeça no trampolim na fase eliminatórias, saltou novamente e foi campeão e recordista mundial. Seis meses depois, assumiu sua homossexualidade e ter contraído HIV.