Pare de se desculpar por ser gay. Pare de dizer frases que reduzem a homossexualidade a algo insignificante na vida de uma pessoa. Dizer “ser gay não me define”, ou que você não gosta de ser rotulado tem tanto seus pontos válidos, quanto seu lado negativo, principalmente pelo fato de que isso faz com que você coloque a homossexualidade em um patamar inferior a heterossexualidade. Mas como assim? Você já ouviu alguém dizer “ser hétero não me define” como uma forma de se desvincilhar de estereótipos? Claro que não, porque ser heterossexual é “normal”.
A questão dos rótulos é bastante problemática para as minorias, uma vez que elas são, na maioria das vezes, reducionistas. “Ah, nordestino é vagabundo e preguiçoso”, “você é gay, então gosta de se vestir de mulher, né?”, “limpar a casa é coisa de mulher”. Além do reducionismo, eles também são opressores e restritivos, de forma a criar espaços de identificação que dão respaldo para o preconceito.
Como opina Raymond Muller, colunista canadense do Huff Post, essas justificativas de não ser um rótulo geralmente são ouvidos de gays que acabaram de se assumir ou vivem em espaços onde a homossexualidade não é muito bem aceita. “Claro que somos definidos por ser gay. Somos tão definidos por ser gay, como todos os heteros são por serem tal. Nenhum gay é mais ou menos do que o outro. Há quem rejeite essa ideia – geralmente aqueles que querem se distanciar da comunidade gay e parecer mais ‘hetero’”, opina.
O Murilo, vlogger do Muro Pequeno, debateu sobre o tema em seu vídeo “Menos Rótulo, Mais Diversidade”. Ele afirma que fazer parte de qualquer minoria é estar suscetível a uma enxurrada de rótulos, que surgem do preconceito. Entretanto, ele afirma que chega um momento em que é impossível dizer que você não faz parte de nenhum desses rótulos, pelo contrário, você acaba precisando reafirmar eles para mostrar que é “gay, sim” e que não tem vergonha disso.
Vale lembrar que os rótulos acabam surgindo de lugares comuns, mas que são usados de uma forma a colocar a característica em um patamar negativo. E é essa ideia negativa que tem que ser mudada, e não a característica em si. É preciso ter orgulho de ser e resistir, pois apagar o rótulo é mais uma tática opressora para manter um grupo invisível.