Vereadores de Curitiba negam novamente reconhecimento de utilidade pública à ONG gay

Por 14 a 8, o título de utilidade pública ao IBDSEX, Instituto Brasileiro de Diversidade Sexual – Instituto Dignidade, foi rejeitado em 2º turno na Câmara de Vereadores, em nova votação nesta segunda-feira. A votação anterior foi anulada depois que os vereadores acataram que o prazo estipulado para a segunda votação da proposta havia não sido respeitado. Apesar de aprovado em primeira votação, a entidade enfrentou forte embate com a bancada conservadora da Câmara.

“A sociedade tem que avançar muito em relação à cultura do ódio; o diferente não pode se expressar e exercer os seus direitos”, disse Professora Josete (PT), após o plenário rejeitar a declaração de utilidade pública ao Ibdsex.

O Ibdsex atua na promoção da cidadania LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) e na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e da Aids. Neste ano, com apoio de grupo de pesquisa da UFPR, o instituto realizou a primeira Pesquisa Nacional Sobre o Ambiente Educacional, reunindo depoimentos e informações sobre homofobia nas escolas. “Nos 12 anos que eu estou aqui, é a segunda vez que eu vejo uma utilidade pública ser rejeitada. A primeira foi a Appad (Associação Paranaense da Parada da Diversidade), que além de organizar a marcha da diversidade, tem uma série de ações de acolhimento à comunidade LGBT (014.00005.2009). Infelizmente a questão da discriminação e do preconceito acabam interferindo no voto”, analisou a vereadora.

Segundo Josete, um documento apócrifo relacionando o Ibdsex “à promoção do aborto” chegou a circular na Câmara. Ela afirmou que fará uma representação à Mesa Executiva na tentativa de identificar a autoria da afirmação. A votação teve que ser reiniciada depois que o vereador Toninho da Farmácia (PDT) votou sem querer pelo vereador Colpani.

O jornalista Oswaldo Eustáquio, auto intitulado defensor da família, vice presidente do Sindicato dos Jornalistas do Paraná chegou a interromper a sessão e foi advertido pelos vereadores. Eustáquio teria sido acionado judicialmente pelo Grupo Dignidade e pelo deputado federal Jean Wyllys (Psol/RJ), segundo a vereadora, por texto em seu blog que afirma que o fundador da entidade, Toni Reis, e o deputado “faz passeatas em que gays se masturbam utilizando o crucifixo”.

Com informações da Câmara Municipal de Curitiba.

 

Confira como votou cada vereador:

Sim
Bruno Pessuti 
Dona Lourdes
Helio Wirbiski 
Jonny Stica
Julieta Reis 
Paulo Salamuni
Pier Petruzziello 
Professora Josete
 
Não
Aldemir Manfron 
Cacá Pereira
Carla Pimentel 
Chico do Uberaba
Cristiano Santos 
Felipe Braga Cortes
Geovane Fernandes 
Noemia Rocha
Rogério Campos 
Serginho do Posto
Tiago Gevert 
Tito Zeglin
Toninho da Farmácia 
Zé Maria
 
Abstenção
Aladim Luciano 
Edson do Parolin
Paulo Rink 
Tico Kuzma
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