Aposentado do futebol há mais de seis anos, o irreverente árbitro Margarida Catarinense apita jogos de futebol de forma engraçada, afetada. Em um esporte permeado pela homofobia e o machismo, o árbitro consegue descontrair até quem estava no meio das brigas em campo. Com trajes de cores chamativas, vive em Palhoça, no interior de Santa Catarina onde apita jogos amadores e colhe os frutos da sua fama. Além dos tradicionais cartões amarelos e vermelhos, e uniforme cor de rosa, o árbitro tem o “cartão pink”, que ele dá para jogadas bonitas, isso nos jogos não oficiais, claro. Mas ele assume, também, que se ver um jogador muito bonito, ele logo se engraça e tira o cartão pink para o jogador.
Jorge José Emiliano dos Santos, seu nome de batismo, se inspirou em Jorge José Emiliano dos Santos, árbitro carioca dos anos 80, morto em 1995, aos 40 anos, conhecido como Margarida. O original Margarida tinha trejeitos específicos para apitar o início de partida, dar um cartão e até chamar os jogadores para uma conversa, o árbitro catarinense exegerou nos trejeitos e vestiu o personagem. Margarida era gay assumido e costumava peitar os jogadores machões em campo. Foi mais uma vítima da epidemia da Aids.
Apesar do personagem catarinense sempre ter se assumido publicamente gay, uma reportagem da Rede Record de 2015 apresentou a família de Margarida, dois filhos e falou sobre uma esposa que não apareceu na matéria. A polêmica continua no ar mas até sua mãe brinca: se querem saber se ele é, tem que perguntar para a mulher dele. E foi assim que o catarinense também se tornou uma lenda do futebol brasileiro e vem ganhando destaque. Ele conta que a sua atuação “diferente” lhe abriu muitas portas e que se inspira nos palhaços de circo para divertir as pessoas. Como juiz, chegou a apitar finais do campeonato catarinense e jogos da CBF.
Margarida, o original, causou polêmica em vários jogos, o árbitro já chegou a expulsar três jogadores do mesmo time seguidamente e envolveu-se em briga com massagista do time do Bangu. Por esses pontos polêmicos, o árbitro acabou sendo criticado ao longo da sua carreira, mas nada apaga o brilho e como ele levava o fim do preconceito e a discussão aos campos. Na semana passada, o cartola Eurico Miranda do Vasco, citou Margarida, ao dizer ser contra árbitros gays, pois eles favoreceriam os namorados.
Confira a atuação do Margarida dos anos 80:
Confira um vídeo do juiz catarinense: