Gays e a saúde mental: o preço do preconceito

Há diversos estudos no mundo todo sobre a relação entre a orientação sexual de uma pessoa e os índices de problemas mentais, como depressão, bipolaridade e suicídio. Entretanto, um novo estudo apresentado na Universidade Nacional da Austrália pontua um aspecto que parece tão óbvio para todos, mas que é ignorado nas conclusões dos maiores estudos mundiais: não há ligação direta entre a orientação sexual de uma pessoa e os problemas mentais que ela sofre. O risco está no ambiente depreciativo a que essas pessoas são submetidas.
 
O estudo do Dr. Richard Burns foi realizado ao longo de oito anos e acompanhou cerca de 5 mil pessoas. Ele prova que uma pessoa heterossexual submetida a um ambiente estressante ou traumático tem os mesmos riscos de desenvolver qualquer doença mental que LGBTs. Ou seja, a resposta está no ambiente social.
 
Um estudo feito em Londres revela que cerca de 40% dos habitantes LGBTs da capital britânica sofrem ou sofreram com algum tipo de problema mental, como depressão. O estudo revelou também que, pelo menos 1 em cada 6 gays, lésbicas, bissexuais e transexuais sofreram com violência física e psicológica por conta da sua orientação sexual ou identidade de gênero. 
 
Ou seja, segundo Bruns, o que acontece é que LGBTs acabam experimentando ambientes opressores com mais frequência do que heterossexuais, e aí está o motivo do risco maior. “Ambientes positivos e que apoiam a diversidade minimizam os riscos significativamente”, afirma no estudo.
 
Um estudo da Universidade da Columbia aponta que a probabilidade de um jovem homossexual em se suicidar é cinco vezes maior do que a de um jovem heterossexual. O preconceito é o mal do século, e não a depressão, como afirmam. Prova disso é uma análise da Universidade Federal de Santa Catarina que concluiu que vítimas de discriminação têm quatro vezes mais chances de desenvolver depressão ou ansiedade e ainda estão propensas a agravos como hipertensão. 
 
O epidemiologista João Luiz Dornelles Bastos explica o porquê: “A experiência crônica de intolerância estimula a liberação de hormônios relacionados ao estresse, como o cortisol”. Esse hormônio também é responsável pela subida da pressão arterial. O hormônio atua também na liberação da insulina, o que pode causar diabetes do tipo 2. Ou seja, além da saúde mental, é preciso estar atento aos problemas físicos. 
 
Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa