3ª Conferência de Promoção da Igualdade Racial de Curitiba tem eixo para discutir racismo e LGBTfobia

As inscrições para a 3ª Conferência de Promoção da Igualdade Racial (Compir) já estão abertas. O evento acontecerá em Curitiba nos dias 20 e 21 de outubro e trará o tema “O Brasil na década dos Afrodescendentes – reconhecimento, justiça e desenvolvimento”. No dia 10 de outubro, aconteceu a primeira reunião na Prefeitura de Curitiba para tratar dos detalhes do grande evento. 
Para o assessor da Igualdade Racial Adegmar José da Silva, o evento é importante no sentido de estarmos vivendo numa sociedade ainda muito desigual no que tange às questões sociais e raciais. Existe uma mentalidade, segundo o profissional, de que Curitiba é uma cidade branca. De fato, a metrópole possui traços muito eurocêntricos, tanto culturais quando estruturais, devido ao grande fluxo imigratório europeu em meados do século XVIII. De acordo com uma estatística do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, Curitiba contava com 346.798 negros, pardos e indígenas, o que corresponde a 20% da população. 
 
Para os organizadores, a conferência é uma forma de fomentar o debate acerca das desigualdades raciais promovendo uma maior inclusão e respeito não apenas ao indivíduo mas a toda a cultura negra. O encontro, assegurado pelo poder público, é uma forma de discutir alternativas para a inclusão e promoção da igualdade, podendo resultar até mesmo em uma secretaria específica para esses assuntos. “Não se trata apenas de discutir, mas aprovar políticas públicas, entregar aos gestores responsáveis, transformar em um plano municipal e fazer entrar no orçamento”, defendeu Terezinha Ramos, assessora de Direitos Humanos da Prefeitura de Curitiba. 
 
Os eixos temáticos da conferência estão ligados ao reconhecimento no que tange à liberdade religiosa e cultural. A justiça também será debatida no sentido de segurança pública, direitos humanos e prisão, uma vez que de acordo com o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen), 56% dos presos no Brasil são negros. Nesse sentido, é importante também considerar que de acordo com a CPI do Senado de 2016, constatou-se que a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil, totalizando 63 por dia. Ainda no que tange à justiça, torna-se urgente pensar na população negra enquanto LGBT. Os dois grupos, tanto LGBT’s quanto negros possuem diferentes categorias de análise mas estão ligadas entre si no sentido da discriminação e violência. No Brasil, a cada 25 minutos uma pessoa LGBT é assassinada, totalizando em 2016 mais de 300 mortes das quais 36% eram negros, de acordo com o relatório do Grupo Gay da Bahia (GGB). 
 
No contexto discriminatório e violento contra a população negra, eventos como a 3ª Conferência de Promoção da Igualdade Racial (Compir) são importantes para buscar alternativas, principalmente educacionais, para cessar o preconceito. O evento fará abordagens no que tange ao desenvolvimentom como trabalho, esporte, educação e juventude. De forma urgente, também constará o debate sobre discriminação e violência da população negra nas diferentes categorias de análise como gênero e LGBT. O eixo Discriminação múltipla ou agravada debaterá gênero, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), juventude e liberdade religiosa. 
 
A conferência tem início às 18h no dia 20 de outubro e às 8h no dia 21 de outubro. O local para o encontro é a faculdade Facear, no bairro Sítio Cercado, situada na rua Levy Buquera, 589.

Para se inscrever, basta preencher o formulário disponível aqui. Dúvidas poderão ser sanadas através do e-mail iiicompir@pmc.pr.gov.pr ou pelo telefone 3352-3833.

 

 
 
Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa