Rapaz gay de 25 anos grava e posta vídeos antes de tirar a própria vida. Precisamos discutir isso.

Na madrugada da última sexta-feira, 13 de outubro de 2017, mais um jovem e talentoso artista ceifou a própria vida. Fabrício Junior tinha 25 anos e era ator. Nascido em Diamantina e residente em Belo Horizonte, cidades do estado de Minas Gerais, ele cometeu suicídio em sua casa. Segundo informações de amigos, Junior era um jovem alegre, tranquilo e sociável. O rapaz aparentava levar uma vida normal como um jovem artista sonhador, mas sofria de depressão, diagnosticada havia pouco mais de um ano. Longe de seu tratamento devido aos efeitos colaterais dos medicamentos contra a depressão, Fabricio não aguentou mais a pressão mental e social que sofria.
 
Antes do suicídio, ato que foi premeditado durante muitos meses, Fabricio gravou três vídeos que postou em seu perfil no Facebook. Nas gravações, o rapaz explicou seus motivos, despediu-se de seus amigos e familiares mais próximos e se mostrou muito decepcionado com sua vida nos últimos dias. “Me desculpem todos aqueles que me amam”, disse. Durante a despedida, o ator menciona relacionamentos afetivos rompidos, sobre pessoas que lhe fizeram mal e sobre o contexto em que vive, provavelmente, referindo-se a intolerância da sociedade com a população LGBT a qual pertencia. Em alguns momentos do vídeo, sorri, diz querer viver intensamente suas últimas horas e que gostaria de ser lembrado sempre sorrindo. Ao todo, foram três vídeos, dois deles de aproximadamente dez minutos cada, em que o rapaz discursa em suas últimas horas de vida. Algumas informações não oficiais obtidas através de rede social indicam que Fabricio se matou ingerindo uma alta quantidade de medicamentos.
 
“Mesmo fraco em pedaços, eu prefiro te dizer obrigado por estar aqui”, diz ele no vídeo. Às quatro horas da madrugada, Junior postou os vídeos que fizera. Dez minutos depois, uma última mensagem, um “Adeus” com fundo cinza postado em seu perfil. Foi seu último suspiro. Há pouco mais de duas semanas, o ator perdeu seu animal de estimação. O gato morreu envenenado, e a falta do pet configurou o agravante de sua depressão. Amigos e familiares lamentam nas redes sociais. “Quero deixar minhas pegadas sobre as areias do tempo, sei que havia algo lá e algo que deixei para trás. Quando eu deixar este mundo não vou deixar arrependimentos. Vou deixar algo para lembrar, então eles não vão esquecer. Eu estava aqui vivi, amei, eu estava aqui. Fiz, concluí, tudo que queria. Vou deixar minha marca para que todos saibam, eu estava aqui. Quero dizer que vou viver cada dia até eu morrer e saber que eu tinha algo na vida de alguém, os corações que toquei serão a prova que deixo que fiz a diferença … “, diz o rapaz no vídeo.

Amigos pediram para postarmos sobre a morte, para ajudar pessoas na mesma situação, em depressão. Apesar da polêmica em torno da divulgação de atos assim incentivar outros, decidimos mostrar, acima de tudo para dizer que estamos juntos na luta contra a homofobia, fator agravante para o suicídio de tantos LGBTs, e que causa males a tantos de nós. Precisamos mostrar que são as pequenas coisas da vida que fazem ela ter sentido e que tudo tem solução. Se você não consegue ver isso, peça ajuda.

Centro de Valorização da Vida
A organização social Centro de Valorização da Vida (CVV), presta apoio gratuito para pessoas em situação de vulnerabilidade emocional como forma de prevenção ao suicídio. O atendimento é feito presencialmente, por telefone, e-mail, chat, WhatsApp e Skype, todos os dias, 24 horas. Para solicitar atendimento, basta ligar 141 ou acessar o site cvv.org.br. O endereço em Curitiba é na rua Carneiro Lobo, 35, bairro Água Verde.
 
 

 

 
Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa