Doenças podem ser transmitidas pelo sexo oral sem proteção

Segundo dados do Ministério da Saúde, o número de pessoas infectadas com alguma IST (Infecção Sexualmente Transmissível) no Brasil aumentou significativamente. As estatísticas revelam que os casos de HIV/AIDS, uma das mais temidas DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis), dobraram em jovens na faixa etária entre 20 a 24 anos, chegando ao número de 21,8 casos a cada 100 mil habitantes.

Apesar de bombardeados constantemente com milhares de informações nos dias atuais de internet, muitos jovens ainda se arriscam e deixam de lado a prevenção. Para a infectologista Brenda Hoagland, do Laboratório de Pesquisa Clínica em DST e AIDS do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), a nova geração não viveu a época em que as DSTs não tinham o tratamento de hoje, e assim a preocupação diminui.

Comumente, alguns mitos se misturam às informações sobre prevenção, tratamento e contágio sobre as DST. Um erro muito recorrente é desacreditar totalmente que o sexo oral possa transmitir doenças. Embora seja raro, alguns cuidados devem ser tomados para a manutenção da saúde. Sífilis, gonorreia, clamídia, hepatite B e HPV são alguns dos perigos que podem ser contraídos com sexo oral desprotegido, embora a probabilidade seja baixa.

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Gonorreia

Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) descobriram recentemente que a gonorreia desenvolveu resistência aos tratamentos. A análise aponta que a chamada “supergonorreia” é transmitida na maioria das vezes pelo sexo oral desprotegido.

De acordo com Teodora Wi, da OMS, o estudo demonstrou que a gonorreia resistiu aos antibióticos em testes feitos em 77 países. Na França, Japão e Espanha alguns casos não alcançaram cura. Devido ao uso indiscriminado de antibióticos como a penicilina, a bactéria se habitua ao tratamento e sobrevive.

Causada pela bactéria Neisseria Gonorrhoea, a gonorreia se espalha pelo sexo desprotegido sendo ele anal, vaginal ou oral. A infecção atinge os genitais, o reto e a garganta, sendo esta última a mais preocupante e geralmente transmitida por sexo oral.

A OMS alertou para outras duas doenças que também apresentaram resistência aos tratamentos, como a sífilis e clamídia. Embora essas duas estejam mais difíceis de serem curadas, não chegaram a evoluir e se tornar uma “superbactéria” como a gonorreia, mas igualmente estão se tornando intratáveis. De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, as infecções por sífilis aumentaram 603% entre 2007 e 2013. Estados como Acre, Pernambuco e Paraná apresentaram crescimento de 96,1%, 94,4% e 63,1%, respectivamente.

 

Prevenção

Embora o risco de transmissão de doenças sexualmente transmissíveis, entre elas o HIV/AIDS, seja muito baixo através do sexo oral, ainda assim é muito importante a prevenção. Geralmente as relações sexuais não incluem somente o sexo oral, o que abre possibilidade para outras formas de transmissão mais recorrentes, como o sexo anal e vaginal sem proteção.

Uma das formas de prevenção de contágio por sexo oral é o uso de preservativos. No caso de sexo oral em mulheres, a camisinha também pode ser usada como uma barreira de proteção na genital. Evitar a ingestão de fluidos genitais diminui as chances de alojamento de bactérias na garganta. Uma outra forma é sempre estar em dia com os exames médicos pois algumas doenças não apresentam sintomas, sendo que a transmissão pode ocorrer mesmo sem que a pessoa saiba de sua condição de saúde já comprometida. A gonorreia, por exemplo, pode ser transmitida mesmo sem que ainda tenha desenvolvido feridas visíveis.

Em casos de feridas ou cortes abertos na genital ou na boca, o sexo oral não é recomendado. A alta carga viral no sangue também indica a alta carga viral em outros fluidos, o que pode acarretar em transmissão.

No caso da gonorreia que está se tornando imune aos antibióticos, a atenção deve ser ainda maior. Alternativas de conscientização popular para o uso de preservativos e conhecimento dos reais sintomas da doença, também pelos profissionais da saúde, são iniciativas essenciais. Muitos profissionais logo associam determinados sintomas e alterações do corpo com a gonorreia, e administram medicamentos de forma indiscriminada, o que contribui para a resistência da bactéria, conforme alerta a OMS.

 

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