Atletas olímpicos enfrentam homofobia e abuso sexual

Uma pesquisa realizada pelo blog Comunica que Muda, da agência Nova/SB, mostrou os altos índices de homofobia disparados nas redes sociais contra os atletas brasileiros durante as Olimpíadas de 2016, também conhecidas como Rio 2016.

O levantamento feito no período de 5 a 21 de agosto de 2016 analisou mais de 10 mil interações que falavam sobre homofobia. Desses números, 66% dos comentários faziam menção à sexualidade dos atletas mais do que seu desempenho esportivo. De forma negativa, esses comentários representaram uma grande intolerância contra a possível homossexualidade dos atletas.

Outro dado dessa pesquisa mostrou que, de todos os comentários monitorados, 82,2% se referiam aos LGBTQ+ de forma pejorativa ou violenta. A maioria das manifestações foram publicadas por internautas do Rio de Janeiro, onde as Olimpíadas aconteceram, seguidas de São Paulo, mas no geral todos os estados brasileiros publicaram algo sobre homofobia e Olimpíadas.

Dentro desse contexto discriminatório, a homofobia vem crescendo cada vez mais dentro do meio esportivo e prejudica os atletas. Muitos não podem assumir a homossexualidade por medo de perderem seus patrocínios, enquanto os que assumem convivem com muitas críticas e são frequentemente questionados quanto ao seu desempenho esportivo.

 

Preconceito
Muitos consideraram as Olimpíadas de 2016 como “a mais gay”. Vários atletas assumiram sua homossexualidade como Rafaela Silva, do judô, que dedicou sua medalha de ouro à companheira. Os ginastas Diego Hypolito e Arthur Nory tiveram suas medalhas comemoradas nas redes sociais, em sua maioria, pelo público LGBT.

Apesar da alta representatividade LGBT nas Olimpíadas, o cenário de preconceito ainda é preocupante. Não só durante os jogos os atletas sofrem preconceito mas também enquanto se preparam ou quando treinam com outros atletas. Em 2012, o ginasta Arthur Zanetti era a maior aposta do esporte durante as Olimpíadas de 2012. Todo seu talento foi desconsiderado quando começou a circular um vídeo de Zanetti em intimidade com o também atleta Sergio Sasaki.

O preconceito se alastrou na cidade de São Caetano do Sul, no Estado de São Paulo, onde Zanetti treinava. A participação de homens na ginástica já não era bem vista por ser considerado um esporte feminino e o atleta viu o número de crianças interessadas no esporte cair drasticamente, espelho do preconceito dos pais.

 

Abuso 
O anonimato das sexualidades no esporte abre brecha para situações de abuso. Em 2016, o técnico Fernando de Carvalho Lopes foi afastado da seleção brasileira de ginástica acusado de abuso sexual. Denúncias acusam o técnico de abusar sexualmente de no mínimo quarenta atletas, sendo um deles, o ginasta Pétrix Barbosa, de 26 anos.

Após o afastamento definitivo de Lopes, esta semana, Diego Hypólito também fez suas denúncias. O atleta contou que sofria bullying pesado na infância pela equipe do treinador, sempre de cunho sexual. Segundo Diego, ele era foi obrigado a pegar uma pilha no chão com a bunda, em uma espécie de batismo homofóbico quando chegou na seleção. Segundo ele, a prática era feita pelos atletas mais velhos.

O ex-ginasta Marcelo Araújo, que também teve contato com o técnico Fernando de Carvalho Lopes, revelou que eram frequentes as piadas e que muitas vezes deixavam passar sem nenhuma objeção. Hoje, o esportista considera que era uma coisa séria que envolveu abuso sexual.

 

Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa