Ativista LGBTI Matheusa Passarelli foi assasinada e incinerada no Rio de Janeiro

Redação Lado A 09 de Maio, 2018 18h03m

Mais uma ativista pelos direitos LGBTI perde a vida para a violência que mais mata essa comunidade todos os dias. Com apenas 21 anos de idade, a estudante de Artes Visuais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Matheusa Passareli, foi assassinada e teve seu corpo carbonizado na favela do Morro do 18, Zona Norte do Rio, em 29 de abril.

Matheusa era não-binária, sua identidade de gênero não se prendia à dicotomia de homem ou mulher. A estudante é mais uma defensora dos direitos humanos e LGBTI, negra e ativista morta no Rio de Janeiro, assim como a vereadora Marielle Franco, assassinada a tiros no dia 14 de março deste ano.

Pesquisadora da Uerj, onde era bolsista, Matheusa desenvolvia atividades sobre gênero e sexualidade por um viés artístico, conforme abordagem de seu curso, e se apresentava sempre desprendida de padrões de gênero estabelecidos socialmente. A ativista ainda desenvolvia projetos sociais de moda com membros de comunidades carentes no Rio e participou de desfiles para o estilista Fernando Cozendey.

O crime
Matheusa Passarelli Simões Vieira participou de uma festa de aniversário no dia 29 de abril, na Rua Cruz e Souza, em Encantado, também na Zona Norte da capital carioca. A estudante iria fazer um trabalho de tatuagem e performance no evento. A vítima saiu da festa depois de se sentir mal, por volta das 2h30 da madrugada, sofrendo de um surto e falando palavras desconexas.

Testemunhas afirmaram que Matheusa saiu do local com atitudes estranhas, correndo e espalhando suas roupas no meio da rua, e teria se recusado a entrar no carro do Uber que solicitou. A ativista foi parar no Morro do 18 onde foi encontrada pelos traficantes em estado de confusão, sem saber se expressar.

Segundo as investigações, ao chegar nua na comunidade, Matheusa enfrentou um “julgamento” dos traficantes antes de ser morta. Os criminosos pressionaram a vítima para que dissesse o motivo de estar ali, mas a ativista não conseguia se fazer entender e logo em seguida foi morta.

Naturais de Rio Bonito, no interior do estado do Rio de Janeiro, os familiares da vítima registraram seu desaparecimento na Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA). A polícia divulgou uma nota no dia 7 de maio confirmando a morte da estudante no mesmo dia em que desapareceu, em 29 de abril.

O crime causou comoção nas redes sociais. Familiares e amigos estão buscando informações junto com a polícia na tentativa de localizar possíveis indícios do corpo de Matheusa e os motivos do assassinato. Gabriel Passarelli, irmão da vítima, postou um desabafo sobre o crime em que confirma a suspeita da polícia de que a irmã foi incinerada.

Theusinha, como gostava de ser chamada, é mais uma vítima da LGBTfobia que já matou mais de 140 pessoas somente este ano, de acordo com dados do Grupo Gay da Bahia. No dia 9 de maio os amigos de Matheusa farão um ato em homenagem à vítima na capela ecumênica da Uerj. “Venha de roupas coloridas, traga uma mudinha de planta”, diz o convite.

 

 

 

 

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