A população de homens trans agora pode contar com uma publicação voltada para a saúde deles. Foi lançada em 5 de julho de 2018 a cartilha “Homens trans: vamos falar sobre prevenção de infecções sexualmente transmissíveis?”, que está disponível gratuitamente. Diante da escassez de informações de saúde para essa população, a cartilha configura um avanço nas políticas para pessoas trans.
A publicação foi lançada pelo Departamento de Vigilância, prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis do HIV/Aids e das Hepatites Virais (DIAHV). Submetido ao Ministério da Saúde, o órgão coletou informações sobre a sexualidade de homens trans. Esses dados serviram para compor as orientações e esclarecimentos da cartilha. Essa é a primeira vez que um órgão público lança um material para esse público no que diz respeito às questões de saúde.
O Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (IBRAT) e a Rede Nacional de Pessoas Trans do Brasil (RedeTrans) também participaram da elaboração do material. Além disso, o conteúdo foi estabelecido sob a supervisão de homens trans. Tal iniciativa confere maior representatividade e participação desse grupo. Desse modo, as informações foram reunidas na cartilha por pessoas que fazem parte do público alvo, contribuindo para uma melhor disposição do conteúdo.
Com poucas abordagens sobre identidade de gênero e transmasculinidade, aluns homens trans não encontram tanto acolhimento dentro dos órgãos de saúde. Nesse sentido, a cartilha também traz informações para que os profissionais entendam a melhor forma de atender esse grupo específico. Os direitos dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) disponíveis para homens trans são outra abordagem da publicação. Para que não haja privação de direitos, a cartilha listou quais são os serviços oferecidos para a transição através da saúde pública. Questões como tratamento pelo nome social e pronomes relativos à identidade de gênero do homem trans também são descritos na publicação.
Comportamentos de risco
Uma outra preocupação da cartilha foi a de informar devidamente sobre as doenças as quais os homens trans estão vulneráveis. As consequências dessas enfermidades no corpo e as formas de contágio também estão explicadas e derrubam mitos. A cartilha ainda incentiva a procura do tratamento quando o indivíduo identificar que foi exposto a alguma doença. Da mesma forma, a publicação explica sobre a importância da realização de testes. Doenças que são descobertas em fase inicial têm maior possibilidade de redução de danos.
Segundo os dados reunidos na publicação, através de estudos e pesquisas médicas, alguns grupos estão mais vulneráveis às doenças sexualmente transmissíveis. Independente de orientação sexual, todos os homens trans que fazem sexo sem proteção estão expostos. Em seguida, aparecem os heterossexuais, gays, bissexuais ou pansexuais que fizeram sexo por penetração com parceiros que têm pênis. Jovens entre 15 e 24 anos também estão suscetíveis, porque a epidemia de HIV é mais comum nessa idade. Pessoas que usam álcool e outras drogas e homens trans encarcerados em colônias penais também estão nos grupos vulneráveis. Por fim, a cartilha cita os trabalhadores do sexo, essa última categoria, ainda pouco organizada no Brasil.
A cartilha “Homens trans: vamos falar sobre prevenção de infecções sexualmente transmissíveis?” está disponível de forma gratuita e online. Para fazer o download, basta acessar o site do DIAHV.