Gay assumido e braço direito de Hitler, Ernst Röhm foi executado a mando do próprio líder

Redação Lado A 22 de Outubro, 2018 16h56m

Entre judeus e negros, os homossexuais também foram perseguidos e dizimados sob o regime nazista de Adolf Hitler na Alemanha. No entanto, um dos maiores aliados de Hitler, Ernst Röhm, era assumidamente gay, o que alimentava a ilusão de que o regime nazista pouparia a população LGBT. Mas mesmo com sua extrema lealdade ao regime e Hitler, nem mesmo Röhm foi poupado do destino de milhares de gays naquela época.

O oficial  Ernst Röhm conheceu Adolf Hitler em 1919, antes do início do regime nazista. Após Hitler se tornar chanceler da Alemanha, em 1933, a amizade dos dois rendeu um cargo de comandante das tropas militares, conhecidas com SA. Apesar da ideologia nazista ser extremamente homofóbica, Hitler mantinha Röhm protegido contra ataques do restante do partido e adeptos ao regime. Enquanto isso, milhares de LGBTs eram reunidos em campos de concentração e executados após inúmeras torturas.

Uma das justificativas do regime para a matança de homossexuais era a de que não reproduziam. Dessa forma, os homossexuais não poderiam contribuir para a manutenção da “raça pura” e sociedade alemã. Outras teorias afirmam ainda que acreditavam que a homossexualidade seria hereditária, precisando assim ser erradicada.

A proteção de Röhm não durou muito tempo. Logo os demais membros do partido de Hitler começaram a pressionar o ditador sobre a homossexualidade do oficial. Diante desse cenário, Hitler mandou executar seu próprio comandante. Em 29 de junho de 1934, pouco tempo depois da instauração do nazismo, Ernst Röhm foi preso. O oficial recebeu uma arma para que tirasse a própria vida, mas negou. Então, atiradores que faziam parte da polícia que defendia o alto escalão do partido, o fuzilaram.

Consequências

Após a morte de Röhm, seu posto foi ocupado por outro oficial, dessa vez, declaradamente contra LGBTs. No lugar de Ernst entrou o chefe Heinrich Himmler, que aumentou a perseguição de homossexuais. Uma atitude tomada talvez como forma de reparar a proteção dada pelo partido a um homossexual anteriormente. Himmler havia criado, em 1933, o primeiro campo de concentração da Alemanha. No local eram reunidos judeus, inimigos políticos, e principalmente LGBTs.

Com a morte do oficial gay, que até então era braço direito de Hitler, a comunidade LGBT da Alemanha começou a perceber que não teriam vez. A ilusão de que talvez o regime nazista poupasse a vida de LGBTs por ter um oficial assumidamente gay, havia acabado. Em consequência disso, muitos gays e lésbicas se casavam entre si para forjar um relacionamento heterossexual.

Traição

A morte de Ernst Röhm não foi justificada apenas com sua homossexualidade.O regime divulgou que se tratava de traição. Segundo a justificativa de Hitler, o comandante foi morto por tentar um golpe, já que conseguiu reunir um grande exército como chefe militar. De fato, antes de Hitler subir ao poder, o enorme exército criado por Röhm ajudou o ditador. Os adversários políticos se sentiram amedrontados, e não atrapalharam sua subida ao poder.

Após a execução de Röhm e outros militares associados a ele, Hitler comunicou à população que as execuções foram necessárias para evitar traições. No entanto, ao citar o motivo da morte do oficial, mencionou o Parágrafo 175 do Código Penal Alemão. Nesse documento a lei decretava que os homossexuais deviam ser punidos com a prisão. Em 1935 uma emenda à lei estabeleceu que deveriam também ser condicionados a até 10 anos de trabalho forçado.

 

 

 

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