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Atire a primeira pedra quem nunca se viu em uma relação tóxica, abusiva ou pesada e que agora se fechou com relação aos sentimentos e novas oportunidades. O medo de que tudo se repita está presente na maioria das pessoas, como uma defensiva que não permite a buscar por novas relações imediatamente.
É comum encontrar pessoas que se viram dentro de relações de família, amor ou amizade prejudiciais. Antes de se perceber dentro de uma situação como esta, no entanto, a tendência é pensar que aquilo não é tão ruim assim. Relacionamentos que continuam mesmo quando já deveriam ter acabado, discussões que se dissolvem diante de um simples presente ou palavra que agrade. No entanto, as atitudes continuam as mesmas, as situações nunca mudam e acabam por entristecer ou, até mesmo, adoecer.
A fase da libertação, tão esperada por muitos, pode ser também o pior estágio de todo esse processo. Cair em si e perceber que aquelas pessoas, antes tão amadas, hoje já não contemplam mais as relações de amor ou amizade. Aquelas mesmas pessoas que um dia já estiveram em primeiro lugar, contudo, acabaram roubando o protagonismo mais importante: o do próprio indivíduo.
A solidão, o medo de nunca mais conseguir se relacionar da mesma forma também estão presentes nessa situação. A memória traz à tona os bons momentos, que costumam apagar os ruins por mais nocivos que sejam. Sozinho, a tendência pode ser até mesmo retornar à relação antiga, entrando num eterno ciclo de frustração e pequenas alegrias.
O tempo, um dos melhores remédios para essas decepções, se encarrega de tudo. Com o passar dos dias se aprende a ocupar a mente com outras distrações, fazer atividades interessantes e buscar sonhos que muitas vezes foram interrompidos em virtude de outra pessoa. A independência vai crescendo e assim se constrói uma armadura, prova de que as adversidades anteriores serviram como um grande aprendizado.
Mas e agora? Um objetivo foi atingido, a paz e o autoconhecimento, a capacidade de se amar e admirar, de vibrar com as próprias conquistas e aprender ainda mais com as pequenas decepções que não vão parar de aparecer. Aliás superar, confiar e se decepcionar novamente também fazem parte. A vida é feita de ciclos que trazem experiência.
Recomeçar será necessário, mesmo que a vontade seja de se manter em um casulo. Se relacionar será necessário e, em determinado momento, saudável. Outras pessoas se encarregarão de trazer alegrias e até mesmo tristezas. Cabe a nós mesmos como sobreviventes de um processo árduo escolher o que realmente agrega em nossa vida. Por outro lado, o medo de voltar para o limbo da solidão e para a angústia da antiga recuperação impera até mesmo nas novas relações.
Cada pessoa tem seu tempo, sua reação. O medo é natural, mas não pode ser eterno. Nem todas as pessoas que se aproximam pretendem machucar. A força, a superação e a coragem estarão dentro da alma depois de tantos percalços e a confiança será novamente construída dia após dia. Paciência é a palavra, inspiração, conhecimento e recomeço.
SOBRE O AUTORRedação Lado AA Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa |
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