Redação Lado A | 19 de Março, 2019 | 11h37m |
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Alessandra Jugnet, de 42 anos, é mãe da transexual Victória Jugnet, que tinha 18 anos quando faleceu. A jovem cometeu suicídio em 4 de janeiro deste ano. Desde então a mãe e o pai, Pablo Grossi, 38 anos, tentam mudar os documentos de óbito em respeito à identidade de gênero da filha.
Aos 15 anos, Victória, que ainda era chamada de Victor, se assumiu gay. Com o apoio da família, foi conduzido a instituições e ONGs que dispunham de psicólogos para acompanhar a saúde mental da jovem. Nas sessões de psicologia, a jovem começou a contar sobre sua identidade de gênero e assim assumiu a sua transexualidade.
Devido ao enorme preconceito sofrido por pessoas trans no Brasil, considerado o país que mais mata LGBTs no mundo, Victória não aguentou a pressão. Antes de cometer suicídio, enviou mensagens para amigos e publicou um texto nas redes sociais no qual ela denunciava o preconceito que sofria. Embora tivesse o apoio familiar, a pressão social contra LGBTs vitimou mais uma pessoa.
Victória morava em Brasília e tinha começado a transição há pouco tempo, assim que completou 18 anos. Em setembro de 2018, no entanto, Victória desistiu da escola, onde foi acolhida e respeitada pelo nome social, e não saía mais de casa. A jovem dizia que voltaria a estudar apenas depois que terminasse a transição. Isolada, Victória tiraria a própria vida apenas alguns meses depois.
Desde a morte da jovem, os pais começaram uma intensa batalha judicial para que o seu nome social fosse respeitado. Em primeira instância, poucos dias após a partida de Victória, o pedido da família foi rejeitado na Justiça. O juiz do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) alegou que, pelo fato de Victória não ter retificado os documentos em vida, o procedimento seria inviável após sua morte.
Agora, os pais tentam recorrer da decisão para fazer valer a memória da filha. Além disso, a família considera que a atitude representa a situação de outras família de transexuais cujos filhos são sepultados com o nome e gênero que não se identificam. Um escritório de advocacia se sensibilizou com o caso e irá levar o processo adiante. Para isso, os advogados reuniram depoimentos e documentos, como os da escola em que a jovem estudava, para provar que Victória se identificava como mulher. O processo de recurso ainda está correndo na Justiça e a família aguarda uma resposta positiva.
SOBRE O AUTORRedação Lado AA Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa |
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