Ativista trans sofre sequestro, ameaça e tortura em São Paulo; crime pode ter motivação política

Redação Lado A 30 de Julho, 2019 11h44m

Em 23 de julho uma transexual foi sequestrada e agredida em São Paulo. O crime aconteceu na Zona Leste da capital quando a mulher aguardava por um ônibus no bairro Itaquera. A transexual sequestrada é militante do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e acredita-se que o crime tenha motivação política além de transfóbica.

Após o sequestro, a mulher de 26 anos conseguiu fugir dos criminosos. Ela relatou para a polícia que, além de ser agredida, foi alvo de tiros dos sequestradores. Durante sua fuga, os dois homens fizeram disparos. Um dos tiros perfurou a bolsa da transexual e ficou alojada em seu celular, por pouco a bala poderia tê-la atingido. No entanto, a mulher teve o ombro deslocado depois das agressões.

Sequestro

A mulher contou à polícia que foi de ônibus até o bairro Itaquera para resolver questões de documentação no Poupatempo. Ao se sentir mal, desceu em um ponto de ônibus no mesmo bairro para aguardar outro coletivo. Nesse momento, um carro preto com dois elementos parou e chamou a mulher pelo nome, apontou-lhe um revolver e a mandou entrar no carro. Em choque, a mulher foi puxada pelo braço para dentro do veículo.

Durante a viagem, começaram os xingamentos e agressões psicológicas. Os dois homens se referiam à mulher como “comunista” e ameaçava a todos os outros membros do PSOL. A transexual relatou que eles diziam que iriam matá-la e esquartejá-la. Segundo a vítima, eles descreveram o que fariam com ela contando que tirariam o silicone, o nariz e as orelhas.

Agressões físicas

A tortura evoluiu do psicológico para o físico dentro do carro. Depois de puxarem a mulher com força para dentro do veículo, um dos homens tentou asfixia-la com uma sacola plástica. Quando estava prestes a perder o ar, a sacola era retirada e a militante ouvia mais insultos e ameaças. Depois disso, um dos criminosos vendou a vítima e, com a arma em sua cabeça, mandou ela se deitar no chão do carro.

De acordo com a militante, os criminosos rodaram com ela no veículo por aproximadamente 20 minutos. Depois, a levaram para uma estrada deserta da qual ela não consegue se lembrar a localidade. Os sequestradores a tiraram do carro puxando pelo cabelo, a jogaram no chão e começaram os chutes e socos. A mulher teve um dos braços puxados para trás, o que resultou no deslocamento de seu ombro.

Ameaçada com armas, a mulher teve a venda retirada pelos bandidos. No entanto ela não conseguiu reconhecê-los, pois estavam com capuzes e luvas. Eles pediram um dos celulares da vítima com os contatos de outros membros do PSOL. O aparelho foi entregue junto com todas as senhas da vítima.

A vítima conseguiu se librar dos sequestradores e, possivelmente, da morte. Um deles encostou a arma em suas costas e ordenou que ela caminhasse. A transexual então se aproximou de um penhasco do qual se jogou para tentar fugir. Na queda, machucou ainda mais o tornozelo. Durante a fuga, os criminosos atiraram e acertaram a bolsa da mulher. Após percorrer alguns metros, a transexual chegou até uma rodovia onde pediu ajuda para um casal que passava pelo local.

Investigações

A Secretaria de Segurança de São Paulo disponibilizou policiais do 65º Departamento de Polícia para realizar buscas. O caso foi registrado pelos policiais como lesão corporal, sequestro e cárcere privado. Além disso, a vítima deverá comparecer à delegacia para dar mais detalhes sobre o caso e assim auxiliar as investigações.

Já Frederico de Oliveira Henriques, integrante do PSOL, afirma que a apuração do crime necessita de mais atenção. De acordo com Henriques, o partido está tentando há dias uma reunião com a Secretaria de Segurança Pública para tratar do caso. Além disso, o partido emitiu uma nota de repúdio ao ocorrido e disse que auxiliará a vítima e as investigações.

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