Os gêmeos Marc e Maya nasceram no dia 22 de fevereiro de 2022, fruto de barriga solidária. Os pais dos gêmeos são o casal gay Gustavo Catunda de Rezende e Robert Rosselló Garcia, de 29 e 31 anos, juntos há uma década, que anunciaram a chegada dos bebês com muita emoção. Graças a uma prima que cedeu os óvulos e o período de gestação, foi possível gerar os gêmeos com o material genético das famílias dos dos pais da criança.
O que permitiu a jornada de gestação dos bebês do casal foi uma alteração em resolução sobre o assunto pelo CFM (Conselho Federal de Medicina). O órgão alterou a resolução de número 2294/2021 e agora permite a reprodução assistida através da cessão de útero e óvulos de parentes de até 4º grau. Com isso, o casal se tornou o primeiro do Brasil a realizar um procedimento do tipo.
Antes das novas regras sobre reprodução assistida, o casal já tentou realizar o procedimento com uma irmã de Gustavo, Camila. A tentativa aconteceu em 2015, porém, não foi possível concluir o processo. Isso porque, na época, as leis não permitiam o uso de óvulo e barriga solidária de pessoas conhecidas, apenas seria permitido se a doadora fosse anônima durante todo o processo. Ainda assim, o material genético de Camila não seria compatível com o do casal, podendo trazer riscos.
Após as primeiras tentativas, a prima de Gustavo, Lorena, de 27 anos foi a escolhida para gerar os bebês. Os pais receberam a notícia com muita alegria e, agora que os bebês nasceram, os pais estão muito emocionados. Lorena, por sua vez, se considera a tia das crianças e não a mãe. Segundo a mulher que gerou os bebês, o ato foi uma atitude de amor, sem qualquer relação comercial. A prima afirmou ainda que todo o processo foi muito emocionante e que ela já tem um filho, e passar novamento pela gestação por um motivo tão nobre foi muito gratificante.
Preconceito
O casal que mora em Taguatinga do Norte se conheceu na faculdade. Os dois cursavam Engenharia Civil quando se tornaram melhores amigos e depois namorados. Embora tenham sofrido homofobia, levaram a relação adiante e sempre souberam que queriam ser pais.
Segundo Robert, quando o casal afirmou que seriam pais gays, foi como sair do armário novamente. Os pais afirmam que durante o processo de reprodução, sofreram preconceito das pessoas que perguntavam sobre o pai ou mãe biológicos das crianças. No entanto o casal se manteve firme ao deixar claro que as crianças têm apenas os dois pais, e não há figura materna nessa configuração familiar.
Hoje, os engenheiros exibem com orgulho sua rotina com seu bebê no Instagram @doisdepais. O amor do casal, agora, toma maiores proporções com a chegada das crianças que formam mais um lar gay de amor, provando que famílias são diversas