Federação restringe participação de trans na na natação; no que isso prejudica as mulheres?

Redação Lado A 21 de Junho, 2022 09h31m

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Uma polêmica discussão permeia o mundo dos esportes e afirma que a competição entre mulheres e transexuais não prejudicam as atletas do sexo feminino devido às exigências para participação de trans nos esportes. De acordo com o Comitê Olímpico Internacional (COI), as atletas transexuais precisam apresentar exames com a testosterona atingindo menos de 10 nanomol por litro de sangue para competir com mulheres biológicas. No entanto, a quantidade de testosterona nas atletas femininas é de 2 nanomol por litro.

Diante dessa discussão, a Federação Internacional Natação (FINA) proibiu a competição de mulheres transexuais com atletas femininas biológicas. As trans poderão competir apenas se, durante a puberdade ou até os 12 anos de idade, tiverem se submetido a tratamento hormonal para diminuir os níveis de testosterona. Embora o COI determine o limite de 10 nanomol por litro para mulheres trans, um estudo com atletas transexuais demonstrou que 94% das participantes apresentaram 2 nanomol de testosterona por litro de sangue, ou seja, a mesma medida de mulheres biológicas.

Apesar de equiparar os níveis de testosterona, existem outros fatores que implicam em desvantagem nos esportes para mulheres que competem com trans. De acordo com cientistas, a puberdade em mulheres transexuais oferece a elas maior aparato corporal e mais força, apesar do uso de hormônios. Biológica e fisiologicamente, indivíduos nascidos do sexo masculino desenvolvem naturalmente maior força física contra as pessoas do sexo feminino.

Para determinar as novas regras, a FINA se reuniu com médicos, cientistas e autoridades mundiais do esporte para discutir a questão. Apesar da proibição, a organização afirmou que cogita criar uma categoria de competição apenas para transexuais.

Mulheres no esporte

Considerando as atuais concepções de transexualidade, em que a afirmação pessoal determina o gênero de uma pessoa, é importante pensar sobre os direitos das mulheres no esporte diante desse contexto. Hoje, por exemplo, não é mais necessária a cirurgia de redesignação sexual para que uma pessoa se afirme trans.

É consenso entre ativistas LGBTQIA+ que transexuais sempre enfrentaram dificuldades para ocupar espaços sociais, o que também implica no esporte. Por outro lado, o esporte feminino também coleciona uma sucessão de apagamentos, além da rejeição de mulheres em esportes considerados masculinos. Um exemplo disso é o futebol brasileiro que carrega inúmeras estrelas do esporte que não recebem nem os mesmos salários dos atletas masculinos. É preciso considerar as diferenças biológicas entre mulheres e transexuais, porque a opressão feminina se dá justamente por ser do sexo feminino.

Espaços como o esporte são conquistados historicamente pelas mulheres. Portanto, um debate importante é sobre a segurança dessas atletas no meio esportivo, considerando afirmações científicas das diferenças de corpos de mulheres biológicas e trans. Portanto, a criação de categorias exclusivas para atletas trans é algo a se considerar.

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A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa

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