Crianças do nono ano da Escola Municipal Hylda Vasconsellos, em Santa Maria – RS, promoveram a tradicional festa julina do colégio para a comunidade no último sábado, 16, mas que de tradicional nada teve. Buscando discutir a união homoafetiva e a homossexualidade na comunidade acadêmica, a encenação do casamento caipira trouxe um casal de meninas e outro de meninos, ao invés de uma representação heterossexual. A decisão causou polêmica entre os pais e chegou a gerar boicote de famílias.
Apesar de ter sido uma sugestão dos alunos, todo o processo de criação do roteiro a ser apresentado foi acompanhado e aprovado pela diretoria pedagógica do colégio e os professores.
Oito jovens estavam escalados para participar do “teatro” e haviam ensaiado junto com o professor de Educação Física, Felipe Castro. Ele conta que os diálogos e o figurino precisaram ser repensados, uma vez que a ideia principal era desconstruir os preconceitos e
estereótipos criados para representar tais personagens. A solução encontrada foi o humor.
Em tempos que noticiamos empresas educacionais tomando atitudes homofóbicas em todo o país e se pronunciando contra a discussão sobre sexualidade e gênero dentro das escolas, conhecer a história dessa iniciativa é como uma luz no fim do túnel. Há esperanças para a educação sobre a diversidade na educação pública. “Hoje se questiona muito a homoafetividade, e esses estudantes só querem pregar o amor ao próximo e mostrar que as pessoas devem ser respeitadas como elas são”, comenta Martha Najar, em entrevista ao Diário de Santa Maria.
Entretanto, logo depois que o Zero Hora e o Diário de Santa Maria noticiaram o evento, pais de alunos se declararam contra a iniciativa. Inclusive indo pessoalmente até a escola e pressionando a direção, afirmando que se o casamento gay acontecesse, seus filhos não participariam da festa junina. A representação foi mantida, mas com uma perda: uma das meninas que faria parte do casal feminino foi proibida pelos pais de participar da festa, sendo substituída de última hora por uma professora.
Depois do casamento, que começou por volta das 16h30, a festa prosseguiu animada, com direito a todas as brincadeiras e comilanças das festas juninas do Sul do Brasil.