Feliz 2007, primeiro artigo da coluna do ano

Quero pedir desculpas pela ausência, mas, agora voltamos para arrasar.


No final de ano, passei uns dias na praia com meu pai, sua esposa e minhas irmãs… No meio de um almoço surge o assunto: “adoção por casais gays”. Não lembro bem como começou, mas certa altura meu pai diz: “imaginem a mente da criança que vê os pais de seus amigos, homem e mulher, e ele tendo dois pais ou duas mães em casa”. Imediatamente, para minha surpresa, minha irmã de apenas 10 anos diz: “não veria problema, é normal, não tem nada demais”. Fiquei pasmo com o comentário dela. Porém, ao mesmo tempo fiquei contente por saber que ela não tinha preconceito, mesmo sendo criada numa atmosfera machista (com meu pai). Surgiu-me a esperança de ter mais crianças que pensem da mesma maneira e que assim criem, no futuro, uma sociedade menos preconceituosa.


Em relação a ser criado por homossexuais, conheço duas pessoas que vivem essa realidade. Há alguns anos estudei com um garoto, hétero, que foi criado pela mãe e sua esposa, que por sua vez era chamada por ele de tia, mesmo sabendo a real situação na qual se encontrava. E há algumas semanas soube que a namorada de minha amiga também foi criada, praticamente, pela mãe lésbica e sua namorada. Nesse ultimo caso, a garota mora apenas com a mãe, mas a namorada freqüenta muito sua casa. Como pudemos ver, a atmosfera homossexual não influencia a orientação sexual do indivíduo. O que é o grande medo de muitas pessoas leigas no assunto. Pois, vemos duas pessoas que foram criadas por lésbicas e, no entanto, uma é heterossexual e a outra não.


Eu, como muitos aqui, sonho um dia em que a adoção por gays seja mais aceita e menos complicada do que é hoje. Até porque, mesmo não descartando a possibilidade de um dia ter um filho nas condições normais da natureza, gostaria de adotar uma criança. Garanto que saberia dar muito amor e atenção a ela, mais até do que muitos pais que existem pelo mundo a fora.


Ah, mudando um pouco de assunto. Vocês viram o depoimento no final da novela “Páginas da Vida” de hoje? Um homem relatando o preconceito que seu filho adotivo sofre por ser negro, e depois ainda diz que o que o difere dos outros pais é o fato de ele ser gay. Uma família que enfrenta diariamente preconceito por motivos diferentes, um pela homofobia e outro pelo racismo. Triste, mas é a realidade de muitos. Pois é, mas com fé seguimos em frente.


Por enquanto deixo aqui um abração a todos. Até a próxima.


PS: Quero mandar um beijo a minha amiga Raquel, que agora comanda uma coluna aqui no “Lado A”, “Coisas de mãe”. Desejo a você: muita luz, sucesso e boas vibrações. Beijo.

Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa