Há muitos dias venho me inspirando pela campanha publicitária de um shopping center de Curitiba que traz como mote o título deste artigo. Na peça publicitária a agência simboliza como DÃ, aqueles que não cumprimentam os vizinhos no elevador, os que se acham na moda apesar de parecerem ir fantasiados a uma festa brega, e aquela que leva o cachorrinho pra jantar num restaurante caríssimo.
Ora…os DÃS estão em toda parte se começarmos a observar melhor!
O prédio onde moro tem uma coleção de DÃS (digo coleção porque achei melhor não utilizar outro coletivo para descrevê-los). Não sou o tipo de pessoa que gosta de encrencar com os vizinhos, pelo contrário prefiro ser o mais discreta possível. Quando me mudei para este prédio, a cerca de 6 meses, a síndica me disse que aqui viviam pessoas mais velhas e que eu não teria problemas com barulho, pois esta era minha principal queixa em relação ao outro prédio que morava. Pois bem pensei eu, será tudo de bom, gente mais velha tem vivência, experiências, será uma convivência harmoniosa. Ledo engano! Aqui os Dãs se encontram pelos corredores, quase se esbarram e nem um bom dia é ouvido, a não ser o meu. É verdade! Não são capazes nem ao menos de responder. O único que conheço e converso é o vizinho do apartamento ao lado. Um cantor de música evangélica, querido ao extremo, educadíssimo, e que empresta sua garagem para que minha namorada possa deixar o carro. Tudo de bom!
Outro dia, estava no supermercado, e atrás de mim na fila do caixa rápido, estava outra Dã. Esta ocupante de alto cargo do governo do Paraná. Atendeu ao celular e berrava no telefone, enquanto todos na fila olhavam assustados para a criatura. A fila pareceu interminável com aquela mulher dando uma enorme lição de moral numa outra Dã, que pelo que entendi, milionária, queria que ela facilitasse a aquisição de medicamentos que são distribuídos gratuitamente aos pobres pelo governo, para ela – a milionária. Não contente com o ocorrido, ela ligou para outra pessoa para contar do pedido da fulana. Aí ganhou o oscar de Dã!!!
Nas últimas semanas, não se falou em outra coisa a não ser na visita do Papa Bento XVI ao Brasil. Li inúmeros artigos do Allan falando nisso. Nunca vi a Globo tão católica, a propósito. Até a corrida da Formula I foi relegada em função da missa rezada pelo Bento. Aonde entra o Dã da história? Em tudo! Quero a Teologia da Libertação forte e viva! Sou católica desde que nasci, e para a igreja sou a maior pecadora do mundo, não posso nem comungar. Porque? Porque o que Deus uniu o homem não separa! Como se Deus quisesse que seus filhos ficassem sofrendo eternamente pelas escolhas erradas que fizeram na vida. E outra porque sou homossexual. Mesmo assim freqüento a igreja, porque acredito que temos o livre arbítrio para adaptar os ensinamentos de Deus aos nossos dias. Desta forma convenci minha filha adolescente a fazer o curso para o crisma. Acreditem, depois de um ano e meio acordando cedo todos os sábados para levá-la ao centro comunitário ela chega em casa e diz: não vou mais! Perguntei por que, e ela me respondeu que a velhinha que dá aulas a ela chegou na sala dizendo que ela era praticamente uma santa. Dã!!!! Não bastasse isso, no meio da aula, minha filha pede para fazer uma pergunta, e ela diz não! Dã!!!!! Minha filha, adolescente, bufa, como todos os adolescentes fazem quando são contrariados! E a velhinha diz que há na sala pessoas que não estão purificadas para serem crismadas! Dã!!!!! Será que ela não leu sobre as estatísticas do cristianismo no Brasil! Certamente não está nem aí se o número de devotos está caindo!
Todo dia ao abrirmos os jornais temos exemplos de gente Dã, que pensa que os outros são otários. No Paraná, a da semana é do governo. Concedeu aumento ao funcionalismo. Mas só se o estado tiver dinheiro em caixa. Dã! Quem sabe o Papai Noel traga o aumento para os servidores se eles se comportarem bem o ano todo.
No trânsito então tem Dã todo dia! Para lidar com esses eu já decidi o que fazer. Ao invés de esbravejar, xingar, enlouquecer com a mão na buzina, eu mando beijos e desejo um ótimo dia! Vocês não tem noção do efeito que isso traz! Experimentem!
Para finalizar, nos últimos dias tenho tentado exercitar o que aprendi no livro As sete leis espirituais do sucesso, e estou procurando não julgar o próximo. Tudo bem! Fiquei durante todas estas mal digitadas falando dos outros, mas fazer o que né? Os outros dão motivo.
Para tentar me redimir deixo aqui uma frase da inesquecível Clarice Lispector.
“Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo entendimento”
Críticas e sugestões para: zaraschnauzer@gmail.com