Fashion Rio – Colcci
A Colcci dá a volta ao mundo em alguns minutos. Uma arena gigantesca e um palco giratório, montado no Galpão da Ação da Cidadania, na região portuária do Rio de Janeiro, serviram de cenário para o desfile da Colcci. Mais uma vez a marca trouxe a top Gisele Bündchen, que entrou na passarela três vezes, com looks que vão muito na contramão das cinturas altas e das modelagens secas.
Com inspiração na velocidade do mundo virtual, a coleção intitulada “A La Carte”, criada pela estilista Jéssica Lengyel, brinca com os desejos e as materializações instantâneas. “Eu estava buscando informações sobre moda de rua para a coleção e me dei conta de como essa bagagem cultural se materializa em poucos minutos via internet. Até mesmo dar a volta ao mundo, hoje, é muito rápido. Você pode atravessar o planeta em poucos dias. É nesse desejo que trabalhamos as peças, com muitos amassados, deixando as roupas com ares de como se tivessem sido tiradas da mala”, diz Jéssica.
A grife catarinense traz referências de diferentes lugares. Estampas inspiradas em Amsterdã e Berlim, xadrezes escoceses, grafismos americanos, golas e boinas de pêlo. Na segunda parte do desfile, os looks ganham uma cara de rock glamour e vêm com muitos tecidos tecnológicos e metalizados.
Ao que parece, a combinação Gisele + streetwear sexy tem dado muito certo e promete ir longe. A modelo já assinou contrato com a grife para desfilar a temporada de verão em julho deste ano.
SPFW – V.Rom
A coleção inverno 2008 da V.Rom é inspirada no livro Admirável mundo novo, de Aldous Huxley.
Se relacionado ao livro, o homem V.Rom seria o bom selvagem, que não se prende às cores impostas para cada casta da sociedade e mistura tudo. “Desejo de streetwear, vontade urbana”, sintetiza o estilista. O xadrez é o principal fundamento da coleção, aparecendo em muitas variações. Para Igor, as peças-chave do desfile são as bermudas.
O styling do desfile é poderoso: tem chapéu estilo soldado de guarda real com boina militar e camisetas amarradas que cobrem o rosto.
Os looks criam uma dualidade: sobreposições leves para um inverno ameno incluem um nylon fininho transparente, pêlos em capuz e algodão com peças mais estruturadas tipo alfaiataria.
Estampas vão do cosmos e do floral simbolizando o orgânico às pilhas e bicicletas numa admirável tecnologia. Tudo tem essa contraposição que se mistura de maneira agressiva. Um perfeito casamento de desfile conceito e moda comercial.
SPFW – Triton
A menina Triton para o inverno 2008 está mais irreverente que nunca. A estilista Karen Fuke está conseguindo deixar sua personalidade impregnada nas peças, sem que se perca o DNA da grife de Tufi Duek.
A coleção “Back to School” segue o estilo college, mas com ares aristocráticos britânicos e franceses, todavia profundamente streetwear. A cena é de University Campus com jeito retrô-elegante. Romantismo, rebeldia, glamour, fetichismo e extravagância se diluem na cartela de cores, nas modelagens e estampas.
A marca vem renovada, olhando para sua própria história. Sabe de onde vem e para onde vai, volta às origens olhando para o futuro. Toda essa busca termina em looks que são puro charme: jaquetinha de couro, cardigã, argyle (aquele xadrez diagonal com losangos), camisa à la smoking com punhos falsos.
Adicione a isso tudo um forte styling, com lenço, big glass e gravata fininha. O resultado é inevitável, clássico com atitude e moderno chique. O trabalho que Karen vem desenvolvendo prova que Tufi e Triton estão em boas mãos!
ZOOMP
Reestruturados pela injeção de ânimo financeiro que a nova holding Identidade Moda (I’M) aplicou na empresa de Renato Kherlakian, a Zoomp entregou à moda brasileira o que faltava: novas imagens de moda, roupas usáveis e, principalmente, que vão chegar às lojas.
A coleção da Zoomp, sob a direção artística de Alexandre Herchcovitch, é uma reedição de tudo o que uma das mais poderosas grife de jeans nacional já apresentou. De uma forma sofisticada e atualizada, os jeans, macacões com tratamento de minimatelassê, jaquetas, couros e a sensualidade que a Zoomp sempre propôs estavam lá.
A coleção tem ainda uma série em couro perfurado, mantô de pele, colete, macacão e jaquetinha.
SPFW – Osklen
A Osklen deixou o minimalismo da última coleção de lado e resolveu surfar pelas grandes cidades. O estilista Oskar Metsavaht foi buscar em Paris, Nova York, São Paulo e Tóquio referências para a temporada de inverno da marca. “Minha inspiração para essa coleção surgiu de breves momentos durante a noite, andando por esses lugares. Como quando entrava num táxi e as luzes em movimento criavam riscos, como se fossem listras”, diz.
Listras não faltaram na passarela da grife, em diversas proporções, sejam bem fininhas, em suéteres, ou largas, em casacões de couro vegetal. Os surfistas urbanos criados por Oskar são neo-grunges, com referências no movimento de Seatle dos anos 90, vestindo peruca estilo boneco japonês e meião-calça listrado por baixo de bermudinhas e vestidos modernos e irreverentes.
Destaque para os cashmeres, as jaquetas siliconadas, os tricôs nervurados e as botas feitas a partir da estrutura dos tênis. As calças são amplas e com gancho muito baixo. A modelagem ampla, aliás, aparece por toda coleção, que vem em tons de cáqui, azul, roxo, turquesa, mostarda e amarelo claro.
O estilista segue utilizando os tecidos ecologicamente corretos (e-fabrics): viscose de bambu, couro de pupunha, de salmão e lona ecológica. Mas também traz peças em seda pura, organza e tafetá.
Oskar cria, inova e se reinventa sem perder o frescor característico de seu trabalho.
SPFW – Cavalera
A grife paulistana Cavalera conseguiu criar uma cena impactante, levando seu desfile às margens do rio Tietê em São Paulo. Marcelo Sommer, que assina a direção criativa da marca, escancara um contraponto interessante que vai do lixo ao luxo e faz seu alerta contra o desastre ecológico, mostrando o caos que está diante nós e que muitas vezes passa despercebido.
A intenção era denunciar a situação e não glamourizá-la. Alberto Renault, diretor de cena, coloca os modelos no alto da rodovia, em uma imensa fila horizontal, enquanto os convidados assistem a tudo de um barco. Um a um eles descem de escada até quase a beira, onde andavam em círculos em volta do lixo e da lama. A falta da trilha gera um desconforto, o único som que se ouve é dos carros que passam pela marginal e de uma sirene.
A coleção é inspirada no universo militar, nas roupas de combate, nos abrigos em casulo e na busca pelo conforto. Sommer cria roupas mutantes, que podem ser usadas de várias maneiras, como a camisa que tem quatro mangas e pode ser vestida de baixo ou de cima, laços também surgem de mangas excedentes. O estilista trabalha com uma reciclagem de idéias e de matéria-prima, retrabalhando, redesenhando e reutilizando tecidos existentes no acervo da marca que se transformam em peças de roupa. O casacão de matelassê ganha símbolos de radiatividade e as meninas usam vestido amplo e romântico com manga sino.
SPFW – Ellus
O desembarque da Ellus, dessa vez, foi na Estação Júlio Prestes, no centro de São Paulo. Num desfile para mais de 1000 convidados, a marca apresentou uma coleção que chegou de trem. Como assim? Pois é, o sinal de início do desfile foi o apito da locomotiva que estacionou sobre os trilhos na plataforma da estação. Ao abrir a porta dos vagões a grife de jeanswear paulistana mostrou como o universo punk, dark e até o estilo caubói podem ganhar toques de glamour e sofisticação.
A direção criativa assinada por Adriana Bozon propõe um inverno de identidades fluidas, onde a diversidade de elementos cria uma imagem sólida. A jaqueta perfecto é, sem dúvida, a peça chave da coleção, que traz também releituras interessantes do jeans “five pockets” só em tom black, espartilhos, t-shirts em malha flamé e camisas xadrezes, tudo com a intenção de criar um novo olhar sobre o clássico urbano. Os tons negros são quebrados pela inserção de pinks, turquesas e amarelos e nos detalhes com bordados de metais: tachas, plaquetas e medalhas.
A Ellus fez um desfile “espetáculo” no ímpeto de celebrar o novo momento pelo qual a marca vem passando, após a compra de parte dela pela Inbrands, mas sem deixar de lado seu jeito urbano de ser.
SPFW – Mario Queiroz
A atmosfera é de noite de festa desconstruída na coleção inverno 2008 de Mario Queiroz. Os modelos entram na passarela usando máscara, luvas, gravata borboleta e cabelo engomado.
O estilista usou o espírito graphic novel com perfume noir para compor os looks do seu inverno, que vem em tons de cinza, berinjela e preto.
É preciso ser moderno e ter atitude para entrar nessa onda, pois as peças estão cheias de brilho, que surgem em verniz, vinil, jacquard com fio metálico e paetê. Atitude mesmo vai precisar quem for encarar a camisa preta franjada, toda em camadas, que acompanha a gravata de couro bem fininha.
Agora se você prefere discrição, Mario propõe peças mais sóbrias, que não deixam de ser arrojadas: paletó de moletom com capuz, calça em risca-de-giz com modelagem mais seca, colete e blusão com gola ampla em tricô. Legal mesmo são as botas de meio cano, abertas atrás e presas com fivelas.
Mario acerta e deve agradar seus clientes gregos e troianos.
SPFW – Fause Haten Mas.
O desfile masculino de Fause Haten foi tenso. Os modelos precisaram de muito equilíbrio ao caminhar de uma ponta à outra da passarela, que estava muito escorregadia. O estilista consegue driblar a atenção focada nos pés dos meninos ao apresentar uma coleção de acabamento impecável.
Fause ousa na cartela de cores para o inverno ao propor calças sequinhas em tons de vermelho, rosa e roxo. Para se aquecer na próxima estação, a sugestão são os trench-coats marrons, tricôs, suéteres, moletons com estampa gráfica e o paletó com abotoamento duplo.
A sobriedade do terno é quebrada pelo tênis colorido estilo iate e a gravata estampada.
Fause Haten acerta em cheio nas peças que os homens vão querer usar no inverno.
SPFW – Alexandre Herchcovitch
Cowboys soturnos que estão longe de parecerem garotos de rodeio, num universo country que usa alfaiataria, estampas de caveiras e tons de marrom e preto. Esse é o Alexandre Herchcovitch que estamos acostumados a ver em sua melhor forma criativa.
O estilista dá uma roupagem fashion e gótica aos elementos típicos do western em jacquard de lã com jeito de moletom, terno moderninho, camisa transparente, calça stretch de náilon e bolsa de couro preto. O preto, aliás, domina grande parte da coleção, numa brincadeira com recursos da alfaiataria e do smoking, é quebrado pelos xadrezes escuros e o colete cor de rosa.