Depois de ter sido divulgada que tal cena havia sido gravada, emissora diz que não houve a gravação cena, embora o estúdio já estivesse pronto e muitos curiosos presentes. Por isso, neste sábado – o capítulo final foi divido em dois dias e não haverá reprise – não acontecerá o beijo entre Bernardinho e Carlão, confore sugerimos a possibilidade. A emissora culpou o escritor Aguinaldo Silva de levantar falsas esperanças, já que tal cena não teria sido aprovada pelo padrão de qualidade da Globo em primeiro momento.
—————- abaixo matéria que soltamos esta semana ———–
Depois de ter divulgado que faria um beijo gay em sua novela Duas
Caras, o autor Aguinaldo Silva teve que explicar à direção da Globo porque vazou a informação sobre a trama e ouvir que a cena não seria gravada. Tudo isso reacendeu a expectativa pelo beijo gay na Rede Globo de Televisão. Representante da empresa chegou a afirmar que o controle de qualidade da emissora não permitiria tal beijo. Pura hipocrisia.
Agora, a emissora permitiu a gravação da cena mas ainda não é certo se vai ao ar no último capítulo, programado para o dia 30 de maio, próxima sexta-feira, depois de ter sido alterada a data em razão dos altos índices de audiência (a trama deveria ter sido encerrada no início do mês). Quem decidirá é a diretoria do canal. O tal beijo será entre os personagens Bernardinho (Thiago Mendonça) e Carlão (Lugui Palhares) que já estão juntos discretamente. Bernardinho, no início da trama, protagonizou uma cena onde acorda ao lado de outro homem e seu pai o expulsa de casa. A sua homossexualidade é mostrada de forma inocente e ele até participa de um triângulo amoroso na história.
O roteiro original
Segundo informações que nos vazaram, Bernardinho e Carlão assinarão um termo de união estável e quando o escrevente tira sarro dizendo “Que se beijem os noivos”, Bernardinho se empolga e diz que não perderia esta parte por nada. Juvenal, personagem de Antônio Fagundes (o ator se manifestou contra o beijo em entrevista) grita: “Casou, tem que beijar” e um coro, entre os presentes, grita: Beija, Beija. A cena foi gravada pelo diretor Wolf Maya.
Histórico
Pois bem, beijo gravado, dúvida se ele irá ao ar. Na novela América, em 2005, houve a enfadonha censura do beijo pela cúpula da emissora, o que levou a novelista Glória Perez a se desculpar publicamente. Este ano, um beijo trocado na novela Beleza Pura foi encarado como afronta e foi chamado de falso beijo gay, já que um dos personagens era uma mulher com roupas de homem. Teve também na minissérie “Queridos Amigos”, um beijo gay não correspondido entre Benny (Guilherme Weber) e Pedro (Bruno Garcia) que também não valeu muito de se ver. Benny, que munia um amor secreto pelo amigo o beija, mas este se esquiva e tentar agredir o colega.
De fato, pouco importa se outra emissora colocar o beijo gay no ar. Já teve beijo gay no Beija Sapo, da MTV, outras tentativas frustradas na Record, que também censurou a cena. Infelizmente, a Rede Globo já percebeu a força que apolêmica tem e as pressões sobre a emissora não são poucas, mas é possível que o beijo de Duas Caras saia sim, nesta sexta-feira, já que vemos claramente que há um histórico progressivo sobre o tema e a própria população quer ver o tal beijo.
Pouco importa ainda, se sair o beijo entre Bernardinho e Carlão. O povo ainda sonha com o beijo entre Junior e Zeca, de América. Existe até uma propaganda do GRAB – Grupo de Resistência Asa Branca, do Ceará, que se utiliza de sósias para encenar o tal beijo, encerrando com a frase: “A novela acabou. Agora precisa acabar o preconceito”. A cena verdadeira, que nunca foi mostrada, é daquelas que se tornarão antológicas e, um dia, será mostrada no Fantástico, passados 10-20 anos, ou talvez menos, com muito orgulho pela emissora. Talvez um pedido de desculpas tardio venha junto.
A importância do beijo gay
A importância do beijo, em um país que a cada dois dias tem um homossexual morto brutalmente é incontestável. Faria parte da responsabilidade social de um meio de comunicação que se diz moderno e líder na produção de telenovelas fazer esse beijo, que digamos é 100% ficcional. Já é comum em outros países as novelas mostrarem cenas de beijos entre homens. Fora isso, um beijo gay ainda elevaria a auto-estima de jovens homossexuais que não têm modelos a serem seguidos, salvo alguns estereótipos de gays e travestis. A Aids infecta a cada 40 minutos um homossexual jovem no país, parte disso por eles não terem medo da morte, pois a vida representa uma triste realidade. Estamos falando de jovens entre 13 e 24 anos que representaram, em 2006, 41% dos 32 mil novos casos de Aids do país. Este beijo é social.
Se o beijo não sair
Prometo que irei propor que gays se beijem no fundo dos links ao vivo dos telejornais da Globo, que façam como os índios Caiapós e exijam seu respeito de forma mais direta e simbólica. Que façam beijaços (beijos coletivos) na frente da emissora, e que dedurem os funcionários gays da Globo, que se façam respeitados, afinal, essa história de beijo já está virando palhaçada.