Quase tudo sobre o XI Floripa Fashion

As tendências da moda primavera-verão foram mostradas nas passarelas da 11ª. Edição do maior evento de moda de Santa Catarina que foi realizado na semana passada em Florianópolis. Fomos conferir o evento e ficamos impressionado com o porte, estrutura e organização da semana de moda catarinense. Primeiro pelo apoio da RBS, Rede Brasil Sul, grande grupo de mídia que representa a Rede Globo com atividades em SC, RS e MS. Depois, pela organização que comanda 20 desfiles em quatro dias de evento. O projeto reúne ainda palestras, mostras universitárias, um concurso de incentivo à moda local, o Wake Up Fashion, e muito frisson. Conferimos o quarto e quinto dia do evento. Segue o nosso relato. Mais fotos no final da matéria.


Destaque para a mesclagem de grandes empresas com marcas menores. Assim, a moda local ganha importância, sem que o evento pareça pequeno. A presença de modelos afro também é destaque, ajudando na quebra de estereótipos e valorizando a beleza negra. Outra grande lição está na pontualidade, backstage organizado e no profissionalismo: por lá, todo mundo recebe para trabalhar. A equipe de maquiadores e cabeleireiros é fixa e ganha bem para preparar os looks dos modelos. A sala de eventos tem ar condicionado que não faz a sala de desfile esquentar no mau sentido.

O lounge estava simplesmente de tirar o fôlego, este ano com obras da artista plástica Marinela Goulart que desenvolve peças para a  Imaginarium, que também patrocinava o evento ao lado da RBS, Renner e da concessionária Dimas da Ford. Tudo muito lindo, mas com identidade própria. A arquiteta paisagista Juliana Castro e a diretora criativa da Imaginarium, Nanina Rosa assinaram o louge que tinha lagos, pedras brancas e muito metal retorcido, característica das obras de Marinela.

O que pode ser criticado é a Sala de Imprensa, sem charme e sem água para os jornalistas, ou a mesmo a própria divulgação do evento que parece monopólio do tal grupo organizador. Poucos jornalistas presentes, o que explica as poucas fotos circulando por aí. Mas não conseguimos ver outro ponto fraco no evento que realmente nos impressionou. A assessoria de imprensa do evento foi uma mãe com a gente, então não podemos falar nada deles, ao contrário, foram perfeitos.

O casting de modelos é fortíssimo. Rapazes e moças que em sua maioria já trabalham nos mercados do Rio e de São Paulo. Na passarela, se apresentam em um ritmo um pouco mais lento que nos grandes centros, o que deixa também as apresentações mais longas, isso quando não fazem uma divisão no desfile, deixando a passarela vazia por alguns segundos.

As criações estavam bem “verão” e não saíram muito do comercial. Mesmo estando na Ilha da Magia, com quase 50 praias, as sungas e biquínis não receberam grande destaque. Atenção, porém, foi dada aos materiais orgânicos e às peças biodegradáveis, como o jeans, que levando menos química produz um tecido menos poluente, conforme salientaram os distribuidores da marca mineira Vide Bula na coletiva. Percebemos poucos globais na passarela (isso é bom) e ausência da marca Natura entre os patrocinadores, conforme novo posicionamento da empresa, que irá retirar seu apoio aos eventos de moda do Sul do país, segundo fonte exclusiva.

Indo ao que interessa: o verão dos homens promete ser bem casual, com muito branco, tie-dye, tons neutros, amarelos e uma paleta vibrante entre o vermelho e o lilás. O azul vem forte, em todos os tons. As peças vêm um pouco mais soltas. As camisas pólo com tudo, bem como os tecidos mais orgânicos e naturais. Esportivo e romântico. Corra das estampas escuras mas tolere outro ponto forte deste verão: as camisetas imitando os uniformes do esporte pólo, com números, emblemas e listras. Sim, ainda não passou. As calças jeans vêm ajustadas ao corpo, com mais estrutura, mais trabalhadas, mais claras, mais lavadas e em cores que fogem do azul tradicional mas sem sair dos tons claros. Invista em calças de tecidos naturais e soltas, são uma delícia e ficam lindas. Gostamos muito de uma camiseta da Vide Bula com estampa de suspensórios.

A moda feminina está mais refinada. Muitas costuras e acabamentos, super-estruturada, ou super folgada, com paleta de cores bem viva. É babado! Babados, bordados, drapeados e rendas com tudo. As inspirações nos anos 50 e na alta-costura trazem peças bem trabalhadas. Nada da mini-saia abusada baby, tudo com um toque conservador mas sexy. Mas o baby-doll pode. Pode também aquele óculos gatinha ou o sapatinho fechado sem salto, claro que para o dia-a-dia. As estampas para elas estão bem variadas, o floral vem com tudo.

Adiantando 2009, parece que a moda de inverno será bem oriental, não só em razão das Olimpíadas mas porque estudantes brasileiros e europeus estão mostrando muitos trabalhos com esse foco ultimamente. No Floripa Fashion não foi diferente. Essa é a nossa aposta, até porque, nos últimos anos, já relemos praticamente toda a moda ocidental do século XX. Se voltar o cabelo mico-leão dourado dos anos 80 com aquela maquiagem demoníaca, bem, aí será um sinal claro de final dos tempos.

Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa