Dr. Drauzio Varella defende saúde das travestis em sua coluna

No último dia 11, foi publicada na Folha de São Paulo, na coluna do Dr. Drauzio Varella, uma matéria muito interessante intitulada “Homens que são mulheres”. O assunto tratava do preconceito vivido na pele pelas travestis. Para Drauzio o preconceito pelo qual passam as travestis é mais pérfido do que os vividos por negros, índios, pobres, homossexuais, garotas de programa, mendigos, gordos, anões, judeus, muçulmanos, orientais e outras minorias.


A sociedade não somente despreza as travestis como também age em certos momentos até mesmo com violência. A coluna cita que as travestis vêm de uma camada mais pobre da sociedade, em sua maioria. Que a homossexualidade sempre existiu, porém as travestis vêm sempre de famílias mais humildes.


Lendo a matéria, fica clara a diferença entre se nascer gay numa família rica e nascer numa pobre. Sendo rico, um filho afeminado poderia ser artista plástico, empresário, costureiro, profissional liberal, mas sendo de uma classe mais humilde torna-se logo marginalizado, execrado pela sociedade, como se fosse um lixo.


No texto, o médico questiona uma grande verdade, quem dá emprego a um homossexual pobre? “Se para os mais ricos com diploma universitário não é fácil, imagine para eles. O máximo que conseguem é lugar de cozinheiro em botequim, varredor de salão de beleza na periferia ou atividade semelhante, sem carteira assinada”. O médico chega a citar os problemas de saúde vividos pelas travestis que com poucos recursos acabam injetando silicone de carro no próprio corpo.


O temido silicone industrial ainda é o recordista em número de mortes de travestis no Brasil. A falta de informação aliada ao baixo recurso ainda são é o maior causador de óbitos entre travestis no país. Ainda na matéria é abordada a questão do vírus da Aids entre as travestis, e os poucos hospitais que realmente estão capacitados para atender e entender este paciente diferente. “Os hospitais públicos deveriam ser obrigados a criar pelo menos um posto de atendimento especializado nos problemas médicos mais comuns entre os travestis. Um local em que pudessem ser acolhidos com respeito, para receber orientações sobre uso e complicações de hormônios femininos e silicone industrial, prevenção e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis e práticas de sexo seguro”.


Drauzio encerra a matéria de sua coluna com uma pergunta bastante pertinente: “Que autoritarismo preconceituoso é esse que lhes nega acesso à assistência médica, direito mínimo garantido pela Constituição até para o criminoso mais sanguinário?”.

Parabéns ao Dr Drauzio Varella que de forma hábil e verdadeira abordou um assunto tão marginalizado pela sociedade. Temos que discutir todo e qualquer tipo de assunto sem nos atermos aos paradigmas e preconceitos enraizados.

Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa