Uma pesquisa da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) entrevistou 18,5 mil alunos, pais, professores, diretores e funcionários, de 501 escolas brasileiras e chegou à conclusão de a lei do silêncio impera e o preconceito e gangues ganham espaço no sistema de educação do país.
No Distrito Federal, 44% dos estudantes masculinos não gostariam de estudar com homossexuais. Já entre as meninas, 14% afirmaram o mesmo. O MEC – Ministério da Educação vem desde 2001 promovendo ações contra a homofobia, trabalhando a formação dos professores e desenvolvendo materiais didáticos. Somando os preconceitos manifestados em todos os grupos entrevistados, a pesquisa chegou ao impressionante número de aproximadamente 87%.
“Muitos profissionais de educação ainda acham que a homossexualidade é uma doença que precisa ser tratada e encaminham o aluno para um psicólogo. Por isso nós temos pressionado os governos nas esferas federal, estadual e municipal para que criem ações de combate ao preconceito”, explica o presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis.
A evasão escolar, o bulling (perseguição) e as piadas homofóbicas são constantes em grande parte das escolas brasileiras, isso quando não são incentivadas pelos educadores. “Esse aluno desenvolve um ódio pela escola. Para quem sofre violência, independentemente do tipo, aquele espaço vira um inferno. Imagina ir todo dia a um lugar onde você vai ser violentado, xingado. Quem é violentado não aprende”, alerta o educador Beto de Jesus, representante na América Latina da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo (ILGA).