CRM de São Paulo irá investigar conduta de médicos militares em caso de sargento gay

Médicos militares do Hospital Geral de São Paulo, que em junho de 2008 atestaram que o então sargento Laci Araújo (foto) não possuía os problemas neurológicos e psicológicos, conforme avaliava o laudo de 2003 da médica neurologista civil Candice Alvarenga, serão investigados por falta de ética disciplinar pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo – CREMESP. O coronel médico Fernando Stolet, responsável pelo hospital, também será investigado. A entidade decidiu no dia 1º de julho, em decisão publicada no dia 11 de julho, abrir processo disciplinar contra os médicos, uma vez que a decisão dos profissionais oportunizou a prisão e o processo militar contra Araújo, já que o novo laudo atestou sua condição para o trabalho.


A prisão do então sargento aconteceu durante uma participação no programa Super Pop, de Luciana Gimenez em 2008, depois que Araújo e seu companheiro e Fernando Alcântara assumiram na capa da revista Época a relação homoafetiva que vivem. Em seguida da prisão, o médico foi levado ao Hospital Geral onde ficou internado por dois dias e posteriormente removido para Brasília. De acordo com os médicos Fernando Cordeiro e Carlos Alberto Montes Gabbo, do Conselho de Ética do CREMESP, “há fortes indícios” de que os médicos militares “praticaram infrações ao Código de Ética Médica”.


O sargento que foi condenado por deserção, por calúnia e traição – além de uso incorreto o uniforme pelo Tribunal Militar, acusa os médicos de preconceito e de erro nas avaliações, além de tortura. O processo corre sob o número PEP 9810-254/2011. Segundo o laudo da Dra. Candice Alvarenga, Araújo é portador de epilepsia do lobo temporal, que o torna “incompatível com atividades militares”. Os laudos atestando a aptidão de Araújo foram usados nos processos que o mantiveram sob prisão militar e foram usados em seus julgamentos na Corte Militar.


 

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