Não à homofobia – Mães da Igualdade

Atualmente, participo do “Mães pela Igualdade” que é um grupo de mães de todos os cantos do Brasil e do mundo, que estão unindo suas forças para dar um recado claro contra a discriminação, a violência e a homofobia crescentes e mostrar ao país que a igualdade é um valor familiar. Para avançar a idéia de que a IGUALDADE É O VALOR FAMILIAR MAIS IMPORTANTE. Esse movimento já existe dentro de todos nós, pais de homossexuais, mas agora com a grande iniciativa e coordenação da Ong internacional All Out, tendo a frente o jornalista Joseph Huff-Hannon, tomou grandes proporções.

Estamos lutando e pedindo que todos os pais se engajem nessa luta a favor da igualdade entre os seres héteros e homossexuais , igualdade em todos os setores, respeito ou pelo menos aceitação e tolerância. A acredito que as pessoas só reagem com agressão e se revoltam em situação de medo, no caso de tantos ataques homofóbicos que estão ocorrendo, os agressores não sofreram nenhum ataque para agirem com tanta violência, então qual o motivo? Acredito que ao ver um homossexual, sentem medo de ser um deles. Existem muitos enrustidos na sociedade, que negam. Então, ao invés de ignorar de cuidar de suas vidas, eles querem matar os que são felizes.

Apelo aqui aos pais desses indivíduos, caso não sejam homofóbicos também, que entendam, falem e expliquem aos mesmos que nossos filhos são iguais a eles, e que nós os amamos, como vocês os amam, e que queremos tê-los para sempre juntos a nós. Peço que se coloquem em nossa situação, quando nossos filhos vão viver, trabalhando, se divertindo, só o fato deles saírem de casa já nos deixa tensos, por causa da violência.

Para qualquer pessoa existem muitos perigos mas para nossos filhos gays amados, o problema é mais intenso, é dobrado. Gente, perder um filho é a pior coisa que nos pode acontecer, a dor é a mesma quer eles sejam héteros ou gays. Por isso, queremos igualdade, algo que deveria ser inerente ao ser humano, independente de sua raça, cor, sexualidade.
Nossa luta é única, queremos plantar “educação e juízo” ou pelo menos “respeito” na cabeça das pessoas que vivem cuidando da vida dos outros, julgando-os, como se fossem mais importantes do que os outros. Esta luta já esta em varias cidades Brasileiras, e eu peço as mães de Curitiba, e do Paraná, que participem , enviando email, que faremos contato. Isso fará com que façamos frente a essa imoralidade que é a falta de amor e respeito aos outros.
Abaixo, a carta enviada ao Congresso Nacional pelas Mães da Igualdade:

Mães pela Igualdade

Nós, Mães pela Igualdade, gostaríamos de pedir dois minutos de silêncio e atenção para refletirmos sobre o Brasil que queremos. Dois minutos para lembrar nossos filhos e filhas. Durante esses minutos, busquem em suas memórias o momento em que viram pela primeira vez o bebê tão esperado e desejado com amor por sua família. Os pequenos olhos, a boca, os pezinhos. Lembre-se daquele instante mágico em que, após meses de espera, a pequenina pessoa esteve em seus braços.

Lembram-se do balbuciar das primeiras palavras e dos primeiros passos? O primeiro dia na escola; as festas de aniversário, as noites mal dormidas quando adoeciam; o carinho com que prepararam os presentes na escola, no dia das mães ou no dia dos pais? Lembram da janelinha no sorriso banguela?

Mal nos damos conta e as nossas crianças crescem e passam a ter vida social própria: os piqueniques, os churrascos, tardes no shopping, as baladas, a faculdade ou a escola noturna. Jovens, lindos, sensíveis, solidários, cheios de vida e de alegria.

Agora imaginem que um dia, voltando para casa, seu filho ou filha é vítima de um ataque covarde na calçada, sem motivo nenhum além de ser quem é. Você pode ouvir seus gritos clamando ‘’Mãe, me ajuda!’’, mas aquelas pessoas não param de bater, chutar, pisar e escarnecer; outras pessoas passam ao lado e nada fazem. Sua criança grita por ajuda enquanto sua pele é rasgada, seus dentes arrebentados, seus olhos feridos, seus ossos quebrados até a morte, banhada em sangue, e você impotente do outro lado da rua, ou mesmo em outra cidade. Aquele rostinho de outrora, agora deformado pelas pancadas. Essa imagem não sai da nossa cabeça. O sentimento é de desespero, angústia e vazio absoluto.
Respirem. Não é fácil passar por isso, mas essa violência é fato, e acontece todos os dias em nosso país. Nossas filhas e filhos têm sido agredidos, torturados e mortos. Nossas ‘’crianças’’, tem sido humilhadas, discriminadas, ofendidas, xingadas nas ruas simplesmente porque têm orientação sexual ou identidade de gênero diferente da maioria. Não escolheram ser lésbicas, gays, transexuais, travestis ou bissexuais, não se trata de uma opção. Simplesmente são assim: pessoas corajosas, dignas e honradas que assumem quem são, não sabem ser de outra forma e não querem viver atrás de máscaras.

As palavras de Marlene Xavier, uma Mãe pela Igualdade, resume com precisão o resultado extremo da homofobia descontrolada no Brasil: “Quando perdemos um filho, nos tornamos eternamente mutiladas e a nossa imagem é o reflexo da dor e da saudade, que serão nossas eternas companheiras”. Algumas de nós carregamos no peito essa cicatriz, por isso pedimos que cada um e cada uma de vocês que estão lendo esta carta se pergunte: “E se meu filho ou filha fosse gay, lésbica, travesti ou transexual? Compreenderiam então a insegurança em que nós, mães de homossexuais e pessoas trans, vivemos cada vez que nossos filhos e filhas saem às ruas, viajam, vão ao cinema ou à escola. E, se amam seus filhos como nós amamos os nossos, entenderão a dor de uma mãe que perdeu seu rebento para a homofobia.

Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa