O amor homossexual (Parte Dois)

No arquipélago malásio, o amor homossexual é coisa corrente, não, contudo, em todas as suas ilhas; ele é comuníssimo entre o povo bataque, da Sumatra. Em Bali, ele é praticado abertamente e há profissionais seus. Os “basir” do povo Daiaque são homens cujo ofício corresponde à bruxaria e à libidinagem. “Vestidos de mulher, são muito solicitados nas festas idólatras, para as abominações sodomíticas e muitos acham-se casados com homens”.

O dr. Haddon disse que jamais ouviu dizer, no estreito de Torrés, de homossexualidade, porém na região de Rigo (a Nova Guiné inglesa) encontraram-se vários casos de pederastia e em Movat, distrito de Daudai, é vício corrente. Ela é, dizem, difundida nas ilhas Marshal e no Havaí. No Taiti há uma categoria de homens que os locais chamam de “mahous” e que “adotam as véstias, a pose, as maneiras das mulheres e imitam todas os trejeitos e exibicionismos das mais fúteis dentre elas. Eles freqüentam, sobretudo, as mulheres, que lhes estimam a convivência. Da mesma forma como as maneiras, eles adotam os usos mais especiais das mulheres…Somente ou quase somente os chefes encorajam semelhante abominação. Eis em que termos Foley fala dos neocaledonianos: “A maior fraternidade entre eles não é uterina, porém a das armas. É assim, sobretudo, na vila de  Poepo. É verdade que esta fraternidade marcial é complicada com a pederastia”.

Entre os indígenas da região de Kimberley (Austrália ocidental)  ao jovem que, havendo alcançado a idade núbil, não encontra mulher, oferecem-lhe um rapaz, o “choucadou”. Observam-se, aqui também, regras exogâmicas e o “marido” deve evitar a sua “sogra”, como se esposara uma mulher. No momento da sua iniciação, o “choucadou”é um garoto de cinco a dez anos. “As relações existentes entre ele e o seu bilalou”, diz Hartman, “são assaz obscuras. De que haja entre eles uma ligação, não tenho dúvidas, mas os indígenas repelem com horror e desgosto a idéia de sodomia”. Tais casamentos são totalmente correntes. Como, amiúde, as mulheres são monopolizadas pelos  membros mais velhos e importantes da tribo, é raro encontrar um homem de menos de trinta ou quarenta anos que possua uma: de onde a regra de que todo rapaz, ao completar cinco anos, é dado como rapaz-esposa a algum dos homens mais moços. Segundo o quadro que traça Purcell, os nativos do mesmo distrito, “todo membro inútil da tribo” arranja um garoto de cinco a sete anos e dele serve-se para fins sexuais; estes garotos chamam-se de mulavongas. Entre os chingalis (Austrália meridional, território do norte) observam-se, frequentemente, velhos que não dispõe de mulheres e, contudo, a quem acompanham um ou dois rapazolas: eles os protegem zelosamente e mantém com eles relações sodomíticas. Que as práticas homossexuais  sejam conhecidas em outros tribos australianas, é o que se pode concluir da constatação de Howitt, a propósito dos indígenas do sudoeste. Os velhos, diz, proíbem os crimes contra a natureza aos noviços, desde que estes ultrapassaram a sua iniciação. (Prosseguirá).
                                       

Redação Lado A :A Revista Lado A é a mais antiga revista impressa voltada ao público LGBT do Brasil, foi fundada em Curitiba, em 2005, pelo jornalista Allan Johan e venceu diversos prêmios. Curta nossa página no Facebook: http://www.fb.com/revistaladoa