“Meu pai quer que eu viva no armário” desabafa filha lésbica de bilionário de Hong Kong

Gigi Chao tem 33 anos e virou notícia em todo o mundo no mês passado, quando seu pai, Cecil Chao, de 76 anos, prometeu meio milhão de dólares de Hong Kong (US$ 65 milhões, ou R$ 132 milhões) ao homem que se cassasse com ela. No início, ela achou graça do empenho do pai mas logo desabafou para duas jornalistas inglesas a sua história: “Meu pai quer que eu viva dentro de um armário e case com um homem para promover meu status social”.
 
A filha do magnata do ramo imobiliário de uma das regiões com o metro quadrado mais caro do mundo já é referida com a lésbica mais famosa da Ásia. Para o jornal Evening Standard, Gigi falou sobre sua relação com sua companheira, Sean Eav, 45. “Tanto eu quanto Sean ficamos surpresas com a velocidade que isso virou um fenômeno viral” contou a herdeira. “Meu pai foi uma figura tão presente nos jornais de Hong Kong por tanto tempo que a imprensa abordou suas palavras com tamanho carinho que isso rodou o mundo”, avalia ela.
 
O pai de Gigi afirmou que homens de todo o mundo se interessaram pela proposta. Ela explica o que está acontecendo: “Meu pai quer que eu viva dentro de um armário e case com um homem para promover meu status social, e ele acha que isso é algo de prestígio. Hong Kong está longe de reconhecer o casamento gay mas nós precisamos primeiro mudar essa percepção social, então a palavra “gay” não será motivo de estranhamento ou vergonha”, defendeu a socialite, toda militante.
 
Se antes Gigi queria a discrição, as declarações do pai a levaram a precisar explicar a cerimônia de benção que recebeu ao lado de sua amada, com quem convive há oito meses, em uma igreja na França. “Eu não escondi (minha sexualidade) em razão dos meus pais serem conhecidos”, falou ela sobre ser low profile sobre o assunto. “É algo muito chinês, do modo de vida, da cultura. Nós aceitamos pessoas no armário. Na Europa, poderiam dizer ser gay é algo legal, mas na Ásia estamos longe disso”, explica.
 
Gigi, que trabalha como relações públicas das empresas da família, e tem sua própria empresa, a Haut Mond Talent, de interiores, conheceu Sean como cliente. “Eu já namorei homens mas eu nunca me rotulei como gay ou hétero. Sou verdadeira ao meu coração ao que eu acredito ser atrativo. No momento, eu estou certa que sou gay mas essa é uma experiência bem pessoal”, diz ela sobre seus sentimentos.
 
O pai de Gigi tem fama de playboy na ilha e há rumores de que teria transado com mais de 10 mil mulheres. A filha diz que se o pai se orgulha deste título, que bom para ele. Mas ela está mais preocupada com sua imagem: “Eu sou uma pessoa reservada. Não gosto do estilo de vida gay típico, de saídas e bares. Eu posso dizer que estou feliz guardando isso só para mim. Eu acredito que o orgulho gay deve partir do aumento de membros bem sucedidos da comunidade”, avalia a moça. “Eu não tinha previsto que nos tornaríamos o rosto gay de Hong Kong, mas para mudar uma percepção do público, alguém tem que ser honesto e viver com integridade”, disse ela aceitando a tarefa de sair do armário na tradicionalista cidade que já foi colônia inglesa e hoje é território chinês, embora tenha governo independente. Os gays da ilha comemoraram o reforço de peso e VIP. 
 
A história do pai que oferece a fortuna para quem se casar com a filha lésbica pode virar um filme do inglês Sacha Baron Cohen. Intitulado previamente de “The Lesbian”, o longa baseado na história de Gigi já teria o projeto aprovado pelos estúdios Paramount e estaria em fase inicial de produção.
 
 
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